O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou nesta terça-feira (08/10) que o grupo de resistência libanês “vai continuar a combater Israel até que haja cessar fogo na Faixa de Gaza”, durante um discurso televisionado pela emissora Al Jazeera.
Solidário à Palestina, o Hezbollah trocou tiros quase diariamente contra Israel desde o início da guerra de Tel Aviv no enclave. Além disso, afirma que um de seus principais objetivos é combater o sionismo para encerrar as hostilidades em Gaza.
“Nossas capacidades militares são boas. Nossos combatentes na linha de frente são sólidos. O que nossos inimigos dizem sobre nossas capacidades de luta é uma ilusão. Eles estão mentindo”, assegurou Qassem sobre a possibilidade de combate do Hezbollah, uma vez que Israel afirma ter destruído boa parte da infraestrutura militar do grupo.
O representante ainda declarou que durante os últimos dias em que Israel atacou o Líbano e foi combatido pelo Hezbollah, “a dor dos israelenses aumentou” e afirmou ainda que “mais e mais israelenses serão deslocados dos assentamentos” ilegais nos territórios palestinos.
Ao lembrar que a incursão terrestre das FDI no Líbano começou há uma semana e não teve avanços, mas apenas recuos impostos após perdas de combate contra militantes do Hezbollah, Qassem declarou que “seus esforços são um fracasso”.
O vice-líder também elogiou o ataque do Hamas ao território israelense que completou um ano na última segunda-feira (07/10). Para ele, a operação chamada “inundação de Al-Aqsa” foi “um evento excepcional e o início da mudança no Oriente Médio”. Também denunciou que, em resposta, Tel Aviv “mata mulheres, crianças e idosos” em Gaza.
“Os combatentes em Gaza são lendários e capazes de resistir cada vez mais. O povo palestino não pode ser derrotado e é digno de libertação”, declarou ainda o libanês.
As exigências por um cessar-fogo no enclave palestino por Qassem ocorreram no mesmo dia em que as autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano pediram o fim das hostilidades no país. Segundo sua declaração, “uma solução negociada é a única maneira de restaurar a estabilidade na região – e a hora de agir é agora”.
“Muitas vidas foram perdidas, desarraigadas e devastadas, enquanto civis de ambos os lados da Linha Azul [fronteira entre os dois países] carecem de segurança e estabilidade”, disse ainda o documento.
“Hoje, um ano depois, as trocas de tiros quase diárias se transformaram em uma campanha militar implacável cujo impacto humanitário é nada menos que catastrófico”, finalizou, segundo veiculou a Al Jazeera.
Violência em Jabalia
Apesar do apelo humanitário e da exigência do representante do Hezbollah, Gaza está longe de ver um cessar-fogo.
Vários civis palestinos foram mortos e outros ficaram feridos após serem alvo de tiros israelenses no campo de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, na noite de segunda. O grupo estava correndo em direção à Cidade de Gaza em uma tentativa de evacuação.
A violência continua nas ruas de Jabalia nesta terça, agora com combates entre os soldados israelenses e militantes do Hamas, que tentam frear a incursão terrestre de Tel Aviv.
Enquanto isso, a Al Jazeera relata que dezenas de corpos das vítimas estão nas vielas da cidade, inalcançáveis pelas equipes médicas. Já as FDI relatam que “pelo menos 20 combatentes do Hamas” foram mortos na região.
Ofensiva de Israel no Líbano
Já no Líbano, Israel ordenou que seus jatos atingissem armas antitanque, prédios militares e lançadores de foguetes usados pelo Hezbollah em seu maior bombardeio contra a cidade de Haifa, no norte do país, iniciado na última segunda-feira (07/10).
Segundo o exército israelense, mais de 100 lançamentos foram direcionados contra seu território, sendo 20 foguetes e 85 projéteis. Contudo, o sistema de defesa aérea do país, conhecido como Iron Dome ou Cúpula de Ferro interceptou alguns dos foguetes.
Anteriormente, autoridades locais haviam relatado 10 feridos e nenhuma vítima mortal do ataque. Com informações atualizadas nesta terça, médicos israelenses afirmaram que uma mulher idosa ficou levemente ferida.
Em outra frente de guerra, as FDI reconheceram que seus jatos destruíram um prédio escolar em Tayr Harfa, no sul do Líbano, além de depósito de armas e outros edifícios supostamente usados pelo Hezbollah durante esta madrugada. Na Faixa de Gaza, Israel também mira construções civis utilizadas como abrigos para os deslocados da guerra como justificativa da utilização da instalação pelo Hamas.
Já em sua incursão terrestre no Líbano, Israel declarou o envio de reservistas do seu exército ao campo de batalha, que começaram “operações limitadas, localizadas e direcionadas” contra o Hezbollah na segunda-feira, no sudoeste do Líbano. Com a nova remessa de soldados, o jornal Times of Israel estima que há mais de 15 mil combatentes no país vizinho.
Ataques de Tel Aviv com bombardeios contra prédios residenciais e vilas também foram registrados na capital Beirute, em Baalbek e em Tiro, segundo a Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA).
Durante sua ofensiva, Israel afirma ter matado um alto comandante do Hezbollah em Beirute, Suhail Hussein Husseini, nesta segunda-feira. Segundo as FDI, ele estaria “envolvido no orçamento e na gestão lógica dos projetos mais sensíveis do Hezbollah, incluindo o plano operacional para a guerra”, acrescentou. Contudo, o grupo de resistência ainda não comentou a acusação.
Por sua vez, o Hezbollah, segundo a Al Jazeera, reivindicou mais três ataques contra as tropas de Israel além de Haifa, sendo Dishon e Dalton, no norte do país, e nas proximidades da vila libanesa de Yaroun.