O conselheiro do líder supremo do Irã, Kamal Kharrazi, declarou nesta terça-feira (02/07) que seu país apoiará o grupo libanês Hezbollah “com todos os meios” em caso de um conflito contra Israel.
“Todo o povo libanês, os países árabes e membros do eixo de resistência apoiarão o Líbano contra Israel”, caso o país lance uma ofensiva em grande escala contra o movimento, disse Kharrazi em uma entrevista ao jornal inglês Financial Times.
O representante iraniano destacou que Teerã não está interessada em um conflito regional, instando os Estados Unidos, principal aliado israelense, a pressionar Tel Aviv contra uma nova escalada.
No entanto, garantiu que caso essa ofensiva ocorra, “não teria outra escolha senão apoiar o Hezbollah com todos os meios” e que todos os países da região se envolveriam na expansão da guerra.
A declaração de Kharrazi acontece em meio ao processo eleitoral no Irã, para decidir quem substituirá o ex-presidente Ebrahim Raisi, morto em um acidente de avião em maio passado.
Após a realização do 1º turno no último domingo (30/06), a disputa a ser definida no 2º turno na próxima sexta-feira (05/07) está entre o candidato reformista Masoud Pezeshkian e o ultraconservador Saeed Jalili.
Kharrazi comentou o cenário eleitoral e garantiu que apesar de “algumas diferenças” dos dois presidenciáveis, a abordagem internacional do Irã é determinada pelo aiatolá Ali Khamenei e “permanecerá a mesma”.
Tensões na região
Em junho passado, as Forças de Defesa de Israel (FDI), como é chamado o exército israelense, relataram ter aprovado e validado planos operacionais para uma ofensiva no Líbano.
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse mais tarde que Israel estava “muito perto” de uma decisão para “mudar as regras” contra o Hezbollah e o Líbano, ameaçando destruir o movimento “em uma guerra total” e “atingir severamente” o Líbano.
Em resposta, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que o movimento pode invadir o norte de Israel se o confronto se intensificar ainda mais, já que a fronteira entre os dois países tem sido palco de confrontos com tiroteios desde o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, em 7 de outubro.
Já o Irã realizou seu primeiro ataque direcionado contra Israel em abril. Na época, os drones e mísseis foram direcionados do Sul do país e as autoridades iranianas consideraram que a ofensiva havia “atingido todos os objetivos”.
O chefe das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri, também declarou que Teerã não tinha “nenhuma intenção” de prosseguir com a ofensiva, contrariando uma possível escalada do conflito na Faixa de Gaza.
No entanto, alertou para que Tel Aviv não contra atacasse os disparos: “se Israel atacar os interesses, bens, personalidades ou cidadãos do Irã no futuro, atacaremos novamente o regime sionista a partir do território iraniano”.
Na época, a ação foi considerada uma retaliação contra a destruição da embaixada do Irã em Damasco, na Síria, ocasionada por um atentado explosivo promovido por Israel no dia 1º de abril, que resultou na morte de alguns altos oficiais militares iranianos, entre eles o general Mohammad Reza Zahedi.
(*) Com Ansa, Brasil de Fato e Sputnik