O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), general Herzi Halevi, pediu nesta quarta-feira (25/09) que as tropas militares se preparem para uma possível incursão terrestre no Líbano. O aviso foi emitido após o Hezbollah, horas antes, ter disparado um míssil balístico em direção à sede do Mossad, a agência de espionagem israelense, perto de Tel Aviv. No entanto, o dispositivo acabou sendo interceptado.
“Você pode ouvir os aviões acima, estamos atacando o dia inteiro. Seja para preparar o terreno à possibilidade de um ingresso [no Líbano], mas também para continuar atingindo o Hezbollah”, disse o tenente aos soldados da brigada militar durante um exercício que simulava uma ofensiva terrestre no território libanês.
“Hoje o Hezbollah ampliou seu raio de fogo [com um míssil direcionado a Tel Aviv]. Mais tarde, receberá uma resposta muito forte. As botas de vocês entrarão nos vilarejos que o Hezbollah transformou em amplos postos militares. Vocês encontrarão milicianos e mostrarão para eles o que significa enfrentar um exército profissional, altamente qualificado e com experiência. Vocês os destruirão”, acrescentou Halevi.
Trata-se da segunda vez em menos de 24 horas que um general israelense de alto escalão alerta para uma possível invasão terrestre. Segundo o jornal The Times of Israel, anteriormente, o chefe do Comando Norte das IDF, major-general Ori Gordin, declarou que os militares precisam estar “fortemente preparados” para uma ofensiva terrestre no país vizinho.
“Entramos em outra fase da campanha. A operação começou com um golpe muito significativo nas capacidades do Hezbollah, com ênfase nas capacidades [de foguetes], e um golpe muito significativo para os comandantes e membros da organização”, disse Gordin.
As IDF também anunciaram a mobilização de duas brigadas de reservistas no norte de Israel, prenunciando uma possível invasão terrestre ao Líbano, que é palco da maior operação de ataques coordenada por Tel Aviv desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
Baixas chances de cessar-fogo
Em meio à escalada do conflito, o portal Ynet informou que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu autorizou a abertura de negociações com os Estados Unidos para um cessar-fogo temporário na região. No entanto, o premiê teria afirmado que “quaisquer negociações serão realizadas apenas sob fogo” e que suas forças continuarão atacando o Hezbollah “com força total”.
O veículo lembra que Washington não mantém diálogos com o Hezbollah, uma vez que o grupo libanês é considerado “terrorista” pelas autoridades norte-americanas. Nesse sentido, aponta que os contatos seriam indiretos, ou seja, tendo como mediadores os governos do Líbano, da França e de outros países europeus.
Em paralelo, o The Times of Israel relatou, sem mencionar nomes, que as autoridades israelenses estão “altamente pessimistas” para uma possível suspensão temporária dos ataques no Líbano.
Ao Keshet 13, em condição de anonimato, um alto funcionário israelense teria assegurado que “não há viabilidade para um acordo agora” e que “Israel está preparado para ouvir sugestões, mas as chances de um acordo são pequenas”.
As tensões entre Israel e o Hezbollah, que apoia o Hamas e a libertação da Palestina, têm se intensificado desde 8 de outubro de 2023. O ápice foi em julho deste ano, após a morte de duas lideranças: Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas; e Fuad Shukr, alto comandante do Hezbollah. Atribuindo os assassinatos a Israel, o movimento libanês garantiu que responderia contra as forças inimigas.
Outro fator agravante foram as explosões de pagers e walkie-talkies também atribuídas ao Mossad, episódio que resultou em dezenas de mortos e milhares de feridos.
Nos dias seguintes, as IDF lançaram a maior operação de bombardeios contra o Líbano, chegando a atingir a capital Beirute, alegando que se tratavam de ataques contra alvos do Hezbollah. A alegação foi rejeitada pelo governo libanês, uma vez que a ofensiva atingiu, em sua maioria, a população civil. O Ministério da Saúde local contabiliza pelo menos 569 mortos, incluindo dezenas de crianças e mulheres, além de milhares de feridos e 90 mil deslocados.
(*) Com Ansa