Quarta-feira, 26 de março de 2025
APOIE
Menu

A administração da cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, informou nesta segunda-feira (24/02) que o Exército israelense demoliu e danificou residências de palestinos no campo de refugiados da cidade. A destruição se dá no contexto da invasão das Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) nesse domingo (23/02).

Uma ofensiva nessa escala do Exército israelense não ocorria na Cisjordânia desde a segunda intifada, em 2002.

Segundo a agência de notícias palestina Wafa, os ataques também são contínuos nos campos de Tulkarem e Nour Sams e em outras cidades do norte da Cisjordânia. Nelas, esquadrões de infantaria “invadem casas, vandalizando seus conteúdos”. Imagens da emissora catari Al Jazeera mostram destruição na cidade de Burqin.

A atual ofensiva já deslocou à força 40 mil palestinos dos campos de refugiados de Jenin, Tulkarem, Nour Shams e Far’a e proibiu-os de tentar retornar. Usando maquinário pesado, o as forças militares de Israel destruíram estradas, ruas e construções nesses campos ao norte da Cisjordânia.

De acordo com Sociedade de Prisioneiros Palestinos (PPS), que informou à Wafa, mais de 365 palestinos foram presos e ao menos 27 mortos nos três campos, onde as forças de ocupação dinamitaram casas e bairros inteiros, transformando até residências em postos militares.

Ainda segundo a PPS, a violência e repressão também aumentaram na prisão de Ofer, onde os guardas invadiram várias seções do local agredindo os detentos. Além disso, a falta de atenção médica e o frio estão sendo usados como instrumentos de tortura.

Cerco militar

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou domingo que o país manteria sua presença militar nos três campos por mais um ano. Mas a destruição deliberada de infraestrutura local levanta temores de que Israel jamais permita a volta dos palestinos.

Os palestinos acreditam que a ocupação militar é apenas o primeiro passo de uma nova anexação e expansão da colonização israelense de terras palestinas. Os três campos estão sob cerco militar.

Já o Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da Palestina classificou as ações como “tentativas flagrantes de genocídio e o deslocamento forçado de palestinos desarmados”.

Também renovou “apelos urgentes” à comunidade internacional para que “intervenha imediatamente para conter a agressão desenfreada da Israel” e que “obrigue a por fim ao ataque ao povo palestino e aos seus direitos fundamentais, sendo o mais importante deles o direito inalienável de permanecer em suas terras”.

tanques de guerra israel
Reprodução / @idfonline
Com tanques, Exército israelense invadiu norte da Cisjordânia

Netanyahu está pronto para voltar a atacar Gaza

Também no domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu governo está pronto para retomar a guerra em Gaza. Poucas horas depois, o Exército israelense anunciou que estava aumentando seu “nível de alerta operacional” no enclave.

“Estamos prontos para retomar combates intensos a qualquer momento, nossos planos operacionais estão prontos”, disse o primeiro-ministro em discurso a uma turma de oficiais em Holon, transmitido ao vivo.

Na véspera, Netanyahu suspendeu a libertação de 620 prisioneiros palestinos que, pelo acordo de cessar-fogo, deveria ter ocorrido sábado (22/02). Isso embora, pouco antes, o Hamas tenha cumprido sua parte do acordo libertando cinco reféns israelenses.

O líder sênior do Hamas, Mahmoud Mardawi, disse que o grupo não negociará mais o cessar-fogo enquanto Israel não libertar os presos. O grupo também se disse disposto a entregar o governo de Gaza a qualquer órgão palestino que represente toda a população.

Nações Unidas protesta

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se disse “gravemente preocupado com o aumento da violência e outras violações cometidas na Cisjordânia pelos colonos israelenses”, com os pedidos de anexação e com o “precário cessar-fogo em Gaza”.

Ele pediu que se evitasse a todo custo a “retomada das hostilidades” e reiterou seu apoio à solução de dois Estados.

O Conselho da Associação União Europeia-Israel se reúne nesta segunda-feira em Bruxelas e a Human Rights Watch (HRW) conclama os representantes da UE a aproveitarem a ocasião para condenar os crimes de guerra cometidos por Israel.

“Não pode haver negócios normais com um governo responsável por crimes contra a humanidade, incluindo atos de genocídio”, disse Claudio Francavilla, diretor da HRW. Ele lembrou ainda que o primeiro-ministro de Israel é procurado por crimes de guerra pelo Tribuna Penal Internacional.