As Forças de Defesa de Israel (FDI, como são chamadas as Forças Armadas do país) invadiram o Hospital Kamal Adwan em Beit Lahia, localizado no norte da Faixa de Gaza, nesta sexta-feira (06/12), deixando pelo menos 29 mortos, segundo a Defesa Civil de Gaza.
Segundo a agência de notícias palestina Wafa, o exército de Tel Aviv forçou parte da equipe médica e de pacientes a sair do complexo de saúde e detiveram diversos civis que estavam no local.
Um trabalhador do Hospital Kamal Adwan disse que as forças israelenses realizaram uma série de ataques aéreos nos lados norte e oeste da instalação, acompanhados por “tiros pesados e diretos”.
“Logo depois, dois indivíduos entraram no hospital com um alto-falante e ordenaram a evacuação de todos os pacientes, pessoas deslocadas e equipe médica. Eles reuniram todos à força no pátio do hospital e exigiram sua remoção para um posto de controle próximo. Os soldados retornaram mais tarde, instruindo que um acompanhante por paciente ou pessoa deslocada pudesse ajudar na evacuação”, relatou à Wafa.
A fonte descreveu a cena como chocante, notando a presença de centenas de corpos e indivíduos feridos nas ruas perto do Hospital Kamal Adwan. Ela relatou ainda que as FDI continuam atacando o local e seus arredores com drones, afetando gravemente o já sobrecarregado sistema de saúde na Faixa de Gaza.
Segundo o porta-voz da agência de defesa civil de Gaza, Mahmoud Basal, à emissora Al Jazeera além de atirar no hospital, os soldados israelenses atiraram contra as ambulâncias do local.
Outras fontes médicas relataram que a situação dentro e ao redor do hospital atingiu níveis catastróficos, uma vez que está sobrecarregado de vítimas. Com suprimentos médicos quase esgotados, centenas de indivíduos feridos ainda aguardam tratamento.
Após a morte de quatro médicos e a evacuação forçada de uma equipe médica, apenas dois cirurgiões inexperientes sobraram para realizar as cirurgias no hospital. Eles precisaram operar 20 pacientes gravemente feridos, apesar de sua falta de experiência, segundo uma fonte local.
Os soldados israelenses também atacaram os geradores de oxigênio do hospital, piorando uma situação já crítica.
De acordo com o relato do correspondente da agência palestina no local, as forças israelenses também explodiram um bloco residencial perto do Hospital Kamal Adwan, resultando na morte de vários civis, além de feridos.
O Hospital Kamal Adwan está sob cerco rigoroso das forças israelense há quase dois meses, bloqueando a entrega de remédios, alimentos, equipe médica, ambulâncias e todos os serviços essenciais necessários ao hospital.
Mediante os ataques, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que não há evidências sugerindo que um alerta tenha sido emitido antes de Israel bombardear o Hospital Kamal Adwan, de acordo com Richard Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinos ocupados.
Apesar dos diversos relatos, o exército israelense declarou que “não atacou nem entrou no hospital do norte de Gaza”. Por meio de um comunicado, as FDI afirmou que “continuaria a operar contra a infraestrutura terrorista e os terroristas” no norte de Gaza, incluindo “adjacente” ao hospital.
(*) Com Wafa