Israel ataca hospitais, e médicos falam em ‘tsunami’ de evacuados da Cidade de Gaza
Ao menos 64 palestinos morreram desde amanhecer, segundo Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde de Gaza informou nesta quarta-feira (24/09) que pelo menos 64 palestinos foram mortos em ataques israelenses desde o amanhecer, sendo 42 das fatalidades registradas na Cidade de Gaza. Segundo a pasta, os hospitais al-Shifa e al-Ahli, ambos localizados no centro urbano do enclave, registraram 17 e 25 mortes, respectivamente. Já no hospital Nasser, no sul, outras 16 pessoas foram assassinadas.
Com isso, o número de mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 aumentou para 65.419, incluindo 2.531 requerentes de ajuda. Já o número total de feridos subiu para 167.160, incluindo 18.531 requerentes de ajuda.
A ofensiva militar de Israel ocorre enquanto profissionais de saúde no enclave relatam o sobrecarregamento de hospitais e clínicas médicas na região palestina, além de mencionar um ”tsunami” de pacientes que chegam feridos após fugirem de suas casas, principalmente nas áreas do centro e do norte, em decorrência do avanço da ocupação israelense.
Em fala ao jornal britânico Guardian, Martin Griffiths, cirurgião consultor de trauma do Barts NHS Health Trust em Londres, que chegou como voluntário a Gaza há duas semanas, relatou que tanto no complexo médico Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul, quanto nos hospitais de campanha em al-Mawasi, a “zona humanitária” costeira designada por Israel, equipes têm recebido um “grande” número de palestinos deslocados da Cidade de Gaza.
“Estamos vendo mais pessoas todos os dias do norte com ferimentos de explosão e bala, com feridas velhas, sujas e infectadas”, disse o médico. “Todo mundo está com fome, desnutrido, sem casa, sem entes queridos. Todos estão com medo”.
De acordo com Griffiths, o departamento de emergência em al-Mawasi chegou a receber 160 feridos em uma única noite. A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que aproximadamente 320 mil pessoas já fugiram da Cidade de Gaza, sob constantes ameaças de Israel.
“As pessoas foram encaminhadas dos [hospitais na Cidade de Gaza] ou estão apenas seguindo seu próprio caminho. Há um grande número de crianças, algumas muito pequenas, e muitos homens mais jovens, [mas] as explosões afetam a todos. Estamos vendo esse tsunami vindo em nossa direção, com mais e mais feridos e cada vez menos [suprimentos para tratá-los]”, disse Griffiths.

Prédio de cirurgia especial do Hospital Al-Shifa em Gaza após ser bombardeado por Israel
Wikimedia Commons/Jaber Jehad Badwan
Ainda nesta quarta-feira, sem provas, Israel alegou que o hospital al-Shifa, considerada a maior instalação médica do enclave, tem sido usado pelos membros do Hamas. Segundo a emissora catari Al Jazeera, a afirmação indica que mais ataques podem ser direcionados ao local nos próximos dias, já que os militares israelenses têm usado a justificativa de estarem lutando contra um suposto “terrorismo” para destruir tais localidades.
Em comunicado, o Ministério da Saúde de Gaza disse que o hospital “continua operando apesar das duras condições, e sua equipe segue comprometida com sua missão humanitária”.























