O governo de Israel empossou, nesta quarta-feira (05/03), o tenente-general Eyal Zamir como o novo chefe de suas Forças Armadas (IDF na sigla em inglês). Durante seu primeiro discurso no cargo, o oficial disse que conduzirá “o exército à vitória” e que “a missão contra o Hamas não acabou”.
“A tarefa que me foi concedida hoje é clara: conduzir as IDF à vitória”, afirmou Zamir, citado pela imprensa israelense. O oficial tem um histórico de proximidade com o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, a quem serviu como secretário militar entre 2012 e 2015.
Sobre os 60 reféns que permanecem detidos na Faixa de Gaza e poderiam ser libertados na segunda etapa do cessar-fogo, que tem as negociações em impasse, o ex-diretor-geral do Ministério da Defesa garantiu aos familiares que resgatará todos os sequestrados. “O nosso dever moral é claro: trazer todos para casa, de qualquer forma e o mais rápido possível”.
Elogios da extrema direita a Zamir
Segundo a emissora Al Jazeera, o oficial israelense, que publicou em 2007 um artigo dizendo que a punição coletiva, considerada ilegal no Direito Internacional, é legítima contra o que identifica como “populações terroristas”, foi elogiado por Netanyahu.
O mandatário do país mencionou “o sionismo que pulsa” em Zamir e seu “comprometimento militar”. “Uma responsabilidade muito pesada repousa sobre seus ombros. Os resultados da guerra terão significado para gerações, estamos determinados a alcançar… a vitória”, declarou.
Zamir também foi parabenizado por figuras de extrema direita que compõem o governo Netanyahu. O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, conhecido por posicionamentos a favor da limpeza étnica do povo palestino, declarou que com a nomeação de Zamir é hora “de completar a missão e destruir o Hamas”.

Netanyahu elogiou “sionismo que pulsa” em Eyal Zamir, novo chefe das Forças de Defesa Israelenses (IDF)
Já Itamar Ben-Gvir, ex-ministro da Segurança de Israel que renunciou em janeiro passado em oposição ao acordo de cessar-fogo, listou os desafios pelos quais deseja que Zamir tenha “sucesso”, em especial garantir que as IDF estejam empenhadas.
A fala de Ben-Gvir refere-se à comunidade ultraortodoxa de Israel, que rejeita o recrutamento obrigatório às IDF baseados na Torá, livro sagrado do judaísmo. Zamir não fez um discurso distante deste impasse e declarou: “diante de ameaças externas, precisamos ter coesão das fileiras [do Exército]. Trabalharemos para expandi-las”, defendendo que toda a sociedade de Israel deve participar da defesa do país.
Zamir ocupa o cargo de chefe das IDF em substituição ao tenente-general Herzi Halevi, que renunciou em janeiro passado, em antecipação à publicação de um relatório pelo Exército que admite falhas na segurança israelense que levaram ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. O documento gerou revolta na sociedade do país, que exige uma investigação completa.
O oficial, que entrou no exército em 1984, foi escolhido em fevereiro passado pelo ministro da Defesa, Israel Katz, e Netanyahu. Entre suas funções, deve comandar todas as operações militares israelenses, incluindo locais em conflito atualmente, como Síria, Líbano e Gaza – cujas negociações estão em impasse.
A primeira etapa do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza entre Hamas e Israel chegou ao fim no último sábado (01/03), tendo como saldo a troca de 33 reféns israelenses e mais de 1,7 mil prisioneiros palestinos.
No entanto, o Hamas, que se prontificou para realizar novas negociações para avançar à próxima fase da trégua, acusa Tel Aviv de tentar romper o acordo, após o governo de Benjamin Netanyahu suspender, no último domingo (02/03), a entrada de ajuda humanitária no enclave e prometer o corte de energia e água na região.
(*) Com Ansa e informações da Al Jazeera