Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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Um grande contingente de tropas israelenses foi mobilizado para fechar postos de controle da Cisjordânia ocupada e selar os portões de ferro que separam cidades e vilas palestinas. Valendo-se da infraestrutura e mecanismos já existentes, o Exército de Israel declarou toda a região uma “zona militar fechada.”

A medida ocorre desde semana passada, quando Israel atacou o território na iraniano. Ativistas e jornalistas na Cisjordânia denunciaram o bloqueio total imposto por Israel aos mais de 3 milhões de palestinos que ali vivem.

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Na manhã de segunda-feira (16/06), a ativista Yara Jrashi relatou a Opera Mundi que novos portões foram instalados nas redondezas de Bethlehemo. Já o jornalista Mohamad Zwahre confirmou que a vila de Al-Ma’sara e seus pouco mais de mil habitantes seguiam cercados pelas forças militares.

“As autoridades israelenses chegaram a permitir o acesso às principais cidades por tempo limitado pela manhã, enquanto muitos portões continuam fechados. Alguns parecem ter sido soldados e selados permanentemente, como em Hebron. Dois novos postos de controle foram instalados em Beit Sahour e blocos de concreto fecham o acesso à cidade de Halhul”, disse Yara.

Segundo a agência de notícias palestina Wafa, o bloqueio em andamento tem paralisado o cotidiano na Cisjordânia, impactando a atividade econômica, limitando severamente o acesso a locais de trabalho, isolando comunidades e restringindo o acesso a serviços essenciais, como postos de saúde e escolas.

“Nós estamos vivendo sob um cerco sufocante imposto pela ocupação desde sexta, mediante o ataque israelense ao Irã e a escalada na região”, disse Zwahre. Ele é morador da pequena vila de Al-Ma’sara e contou à Campanha Escocesa de Solidariedade com a Palestina (SPSC) que “ninguém sai e ninguém entra. “Estamos presos em nossa própria vila, como se estivéssemos em uma prisão a céu aberto”.

Já a mídia local israelense, publicou que as restrições foram descritas como uma “medida excepcional em resposta à guerra em curso”. O cerco, que se estende por quatro dias, serve como plano de fundo para a escalada de uma ofensiva militar em andamento contra a população palestina em diversas áreas da Cisjordânia.

Ainda na sexta-feira (13/06), as autoridades fronteiriças da Jordânia anunciaram o fechamento da ponte King Hussein, devido ao bloqueio da passagem imposto pelas forças de ocupação israelenses. Também conhecida como Allenby, a passagem terrestre é considerada a única rota de contato entre os palestinos e o mundo exterior, já que o acesso ao aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, é extremamente limitado.

check point cisjordânia

Um dos checkpoints de controle israelense na Cisjordânia ocupada

“A ocupação nos isolou do mundo e paralisou a nossa vida. Não sabemos o que acontecerá amanhã, nem quanto tempo esse isolamento vai durar. Estamos vivendo em completo estado de incerteza e insegurança”, completou Mohamad.

Medidas familiares

As medidas israelenses adotadas são familiares para os palestinos da Cisjordânia ocupada, sob controle militar desde 1967. No entanto, Yara, que vive na província de Bethlehem e está acostumada a passar horas em postos de checagem por conta de seu trabalho social, afirmou que os ataques militares e as violações de direitos “seguem com uma brutalidade alarmante.”

“[Semana passada] em Nablus, dois irmãos foram assassinados enquanto um jornalista israelense filmava toda a operação militar em curso. As orações estão suspensas na Mesquita de Al-Aqsa e os palestinos estão completamente proibidos de se aproximar do local. Além, é claro, das habituais incursões, demolições, prisões em massa e ataques constantes de colonos”, comentou à reportagem a ativista.

Em um dia “normal” para os palestinos, o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, no coração de Jerusalém, é restrito. Dois postos de controle bloqueiam a entrada de fiéis mulçumanos, que sofrem com revistas arbitrárias, detenções e ofensas por parte dos soldados israelenses.