Israel intercepta Flotilha da Liberdade e diz que ativistas foram levados a porto
Organização denuncia que militares danificaram sistemas para bloquear sinais de emergência e interromper transmissão da abordagem ilegal
Atualização às 18h37
A Marinha israelense interceptou na tarde desta quarta-feira (01/10), pelo horário de Brasília, a Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês), que tentava romper o bloqueio marítimo imposto por Tel Aviv na Faixa de Gaza.
Nas imagens que foram transmitidas ao vivo por membros da GSF, um navio comandado por Israel se aproxima de uma das embarcações da missão humanitária. O jornal israelense Times of Israel informou que os ativistas do barco Adara “jogaram os seus aparelhos telefônicos a bordo” após serem abordados por soldados. Já o portal Middle East Eye (MEE) relatou a interceptação da embarcação Alma. Ainda de acordo com o MEE, o regime sionista priorizou a interceptação de “navios grandes e de alto perfil”.
Footage of Israeli navy vessels intercepting global sumud flotilla pic.twitter.com/0PfcTFnnrO
— Global Sumud Flotilla Commentary (@GlobalSumudF) October 1, 2025
Em nota, a GSF confirmou que, “por volta das 20h30, horário de Gaza, múltiplas embarcações da Global Sumud Flotilla — em especial Alma, Sirius e Adara — foram ilegalmente interceptadas e abordadas pelas Forças de Ocupação Israelenses em águas internacionais”.
O comunicado denuncia que Israel danificou “propositalmente” os sistemas de comunicação antecipadamente para bloquear sinais de emergência e interromper, assim, a transmissão ao vivo da abordagem ilegal. “Além dos barcos já confirmados como interceptados, a transmissão e a comunicação foram perdidas com várias outras embarcações”.
Em outro posicionamento, a GSF declarou que “a interceptação ilegal da flotilha não é um ato de defesa”, mas sim “um ato descarado de desespero” de Israel. “Revela claramente até onde o ocupante está disposto a ir para garantir que Gaza permaneça faminta e isolada. Eles atacarão uma missão civil pacífica porque o sucesso da ajuda humanitária significa o fracasso do seu cerco”, declarou.
Por fim, disse ainda que “o mundo está assistindo ao crime em ação”.
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Sem contato com tripulação
O governo de Israel declarou que “o único propósito da flotilha Hamas-Sumud [supondo uma relação da iniciativa com o grupo palestino] é a provocação, exigindo que as embarcações alterassem o curso. Após a proposta não ser aceita, o Ministério das Relações Exteriores disse que os ativistas “foram detidos com segurança e seus passageiros foram transferidos para um porto israelense”, sem mais detalhes.
O governo israelense também disse que a ativista sueca Greta Thunberg, uma das expoentes da Flotilha, e “seus amigos estão sãos e salvos” após a interceptação dos barcos.
No entanto, não é o que relatam os envolvidos na Flotilha. O perfil no Instagram de Mariana Conti, vereadora do Psol (Campinas-SP) informou, por volta das 15h do horário de Brasília, perdeu contato com a ativista que estava a bordo do Sirius. Ao fim da tarde, às 17h, publicou um vídeo com a seguinte legenda: “ATENÇÃO! Se você está vendo esse post é porque eu, Mariana Conti, e dezenas de outros ativistas da Global Sumud Flotilla fomos SEQUESTRADOS por Israel, em águas internacionais, por tentar levar COMIDA e REMÉDIO para Gaza”.
Além de Mariana e outros brasileiros, o ativista Thiago Ávila é um dos integrantes. A GSF inclui cerca de 50 navios e conta com a participação de mais de 800 ativistas de 44 países.
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Manobras arriscadas e ataque com drones
Opera Mundi relatou, mais cedo, que pelo menos dez navios da GSF sofreram ataques de 15 drones no Mar Mediterrâneo. Não houve relatos imediatos de vítimas. Ávila afirmou que se tratava de uma tática de “guerra psicológica”. Em vídeo, detalhou que quatro barcos foram alvo de drones que lançavam artefatos explosivos.
De acordo com organizadores da missão, dois navios militares israelenses cercaram as embarcações Alma e Sirius. Todos os sistemas de navegação e comunicação pararam de funcionar, em um episódio que foi classificado por Ávila como “ataque cibernético”. A flotilha conseguiu restabelecer os meios de comunicação pouco depois.
A identidade dos navios que atacaram a GSF nesta manhã não foi confirmada. A RFI descreve o vídeo publicado no Instagram oficial da flotilha, que mostra “uma embarcação militar israelense realizando ‘manobras perigosas’ perto dos barcos civis, danificando seus sistemas de comunicação antes de se afastar. A gravação mostra a silhueta de um navio militar com torre de canhão próximo às embarcações”.
Segundo a análise de imagens da agência Reuters, o vídeo foi gravado do barco Sirius, Contudo, não foi possível verificar a identidade da outra embarcação nem a data precisa da filmagem.
Ainda de acordo com a RFI, as autoridades israelenses não responderam imediatamente aos pedidos de comentário. O veículo também lembrou que nos últimos dias, a GSF também foi alvo de ataques com drones que lançaram bombas de efeito moral e substâncias irritantes sobre os barcos. Nesta ocasião, Israel também se negou a comentar o ataque, mas reiterou que usará todos os meios para impedir que os barcos humanitários cheguem a Gaza.
(*) Com Ansa, informações de RFI e Haaretz























