As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) lançaram nesta terça-feira (21/01) uma operação militar de grande escala em Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, dias depois que o acordo de cessar-fogo entrou em vigor na Faixa de Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde local, os ataques resultaram na morte de ao menos oito palestinos e dezenas ficaram feridos.
A ofensiva foi confirmada pelas IDF e agência de inteligência israelense, em comunicado. Na sequência, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que o objetivo é “erradicar o terrorismo em Jenin” por meio de uma operação “extensa e significativa”.
“Sob orientação do gabinete de segurança e política, as Forças de Defesa de Israel, o Shin Bet e a Polícia de Israel iniciaram hoje uma operação militar extensa e significativa para erradicar o terrorismo em Jenin – chamada de ‘Muro de Ferro'”, disse o premiê israelense. O jornal The Times of Israel informou que as operações devem durar vários dias, apesar da aplicação do acordo de cessar-fogo.
Já o portal Middle East Eye (MEE) considerou uma “situação extremamente terrível” ao afirmar que as forças israelenses também chegaram a invadir o Hospital al-Amal e o Hospital Governamental de Jenin.
A mídia acrescentou que, após a ofensiva desta terça-feira, ambulâncias também foram alvejadas enquanto tentavam alcançar os feridos. Além disso, foram impedidas de acessar diversos bairros da região depois que veículos militares israelenses foram estacionados nas principais entradas.

Exército israelense invade a cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada
Muro de Ferro
De acordo com o Times of Israel, a operação conjunta “Muro de Ferro”, conduzida pelas IDF e a Shin Bet, iniciou-se com uma grande mobilização de tropas, forças especiais e agentes de inteligência na cidade de Jenin.
Em redes sociais, Netanyahu disse que a recente invasão, que deixou mortos e feridos, se trata de “mais um passo para alcançar nosso objetivo de aumentar a segurança na Cisjordânia” e contra ameaças do “eixo iraniano”.
בהנחיית הקבינט המדיני-ביטחוני, צה”ל, שב”כ ומשטרת ישראל פתחו היום במבצע צבאי נרחב ומשמעותי למיגור הטרור בג’נין – “חומת ברזל”.
זה הוא צעד נוסף להשגת המטרה שהצבנו – חיזוק הביטחון ביהודה-ושומרון.
אנו פועלים באופן שיטתי ונחוש נגד הציר האיראני בכל מקום שאליו הוא שולח את זרועותיו –…
— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) January 21, 2025
As forças de segurança da Autoridade Palestina (ANP), que reprimem a resistência de Jenin desde dezembro passado, retiraram-se da cidade no início da operação israelense. O grupo, que exerce controle limitado sobre partes da Cisjordânia ocupada, tem realizado a sua própria operação contra militantes locais visando restaurar a “lei e a ordem” do território.
No entanto, segundo a emissora catari Al Jazeera, a postura seria parte de um esforço da ANP para recuperar alguma autoridade na Cisjordânia e mostrar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que poderia ser um parceiro de segurança útil na região.
As Brigadas de Jenin, considerado o grupo de resistência armada mais proeminente da cidade ocupada, disseram que seus combatentes estavam enfrentando as “forças de ocupação invasoras” em várias frentes de batalha.
O Hamas pediu uma mobilização geral contra a “agressão generalizada da ocupação [israelense]” em Jenin, pedindo apoio aos combatentes da resistência para enfrentar o exército israelense.
Por sua vez, o movimento Jihad Islâmica condenou o ataque como um “ato brutal e bárbaro” do regime sionista, descrevendo-o como um reflexo da situação de Israel após fracassar com seus objetivos em Gaza. Considerou também que a operação decorre de objetivos políticos, em uma tentativa de Netanyahu salvar a coalizão de governo após a aprovação do acordo de cessar-fogo no enclave.