(*) Atualizada em 24 de setembro, às 16h30
Um dia após o maior bombardeio contra o Líbano desde o início da guerra na Faixa de Gaza, Israel voltou a lançar dezenas de ataques aéreos no território nas primeiras horas desta terça-feira (24/09). A emissora catari Al Jazeera informou que as ofensivas lideradas pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) chegaram a atingir a capital libanesa de Beirute.
De acordo com o jornal The Jerusalem Post, o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, garantiu que os militares “acelerarão as ações ofensivas hoje e reforçarão todas as unidades” para “não dar tempo ao Hezbollah”.
“Continuaremos a operar com força total”, declarou Halevi, conforme o veículo.
Segundo oficiais israelenses, desde a noite até o amanhecer, foram realizadas dezenas de ataques contra “alvos” do grupo libanês Hezbollah, que é aliado do Hamas e apoiado pelo Irã. Acrescentaram ainda que, além de dispositivos aéreos, foram utilizados tanques para atingir alvos perto da linha transfronteiriça entre os países.
Em coletiva, o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, relatou que o número de mortos no país subiu para 569, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Além disso, pelo menos 1.835 pessoas ficaram feridas. As vítimas estão sendo tratadas em 54 hospitais locais.
Segundo a autoridade libanesa, esses números “refutam as alegações” de Israel de que eles têm como alvo os combatentes do Hezbollah.
A agência de notícias AFP informa que, em meio à escalada de ataques, milhares de pessoas “desesperadas” estão sendo obrigadas a abandonar seus lares. Somente 500 já cruzaram a fronteira do Líbano para a Síria nesta manhã, em decorrência do caos instalado por Israel no país. A passagem à nação vizinha apresentou “enormes engarrafamentos”.
Ao menos 40 voos com destino ou saída de Beirute foram cancelados no Aeroporto Internacional Rafic Hariri, em Beirute. Companhias como Emirates, Qatar Airways, Lufthansa, Air France e Delta Airlines decidiram suspender temporariamente as viagens para o Líbano.
“A segurança de nossa tripulação e clientes é de extrema importância e não será comprometida”, disse a Emirates em comunicado, anunciando o cancelamento dos voos na terça e quarta-feira (25/09).
Em apoio ao Hamas e à libertação da Palestina, o grupo libanês Hezbollah tem disparado foguetes, mísseis e drones contra o norte de Israel desde 8 de outubro de 2023. As tensões se agravaram em julho deste ano, após a morte de duas lideranças: Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas; e Fuad Shukr, alto comandante do Hezbollah. Atribuindo os assassinatos a Israel, o movimento libanês garantiu que responderia contra as forças inimigas.
Desrespeito ao direito internacional
A ONG libanesa CARE International condenou os ataques mortais de Israel nesta terça-feira, e denunciou que as manobras israelenses configuram “total desrespeito ao direito internacional” não apenas pelas recentes ofensivas no Líbano, como também pelo massacre contínuo em Gaza.
Michael Adams, diretor nacional da CARE no Líbano, disse que os civis estão pagando o preço mais alto.
“A situação é muito tensa aqui no Líbano. Todas as estradas que levam a Beirute do sul e do Vale do Bekaa estão agora inundadas com pessoas tentando fugir do bombardeio, deixando tudo para trás”, informou.
Na segunda-feira, o escritório de direitos humanos das Nações Unidas (ONU) apelou pela proteção de civis contra o que descreveu como “o dia mais mortal de violência em anos”.
“O Direito Internacional Humanitário é muito claro. Todas as partes em um conflito armado devem sempre distinguir entre a população civil e os combatentes e entre bens civis e objetivos militares”, disse a porta-voz Ravina Shamdasani, em comunicado. “Deve-se tomar cuidado constante para poupar a população civil e os bens civis. As leis da guerra também obrigam todas as partes a observar o princípio da proporcionalidade.”