Israel mata ao menos 50 em Gaza após Hamas rejeitar ‘acordo parcial’ de cessar-fogo
Grupo palestino argumentou que não aceitará tratado sem que Tel Aviv garanta fim da guerra e retirada total de tropas do enclave
O Ministério da Saúde de Gaza relatou que ao menos 50 palestinos foram mortos em ataques israelenses nesta sexta-feira (18/04). Segundo as autoridades locais, a ofensiva de Israel atingiu todo o enclave, mas as fatalidades se concentraram no centro e no sul, incluindo a Cidade de Gaza, Khan Younis e Rafah.
Segundo os relatos da emissora catari Al Jazeera, seis pessoas morreram em um ataque aéreo que atingiu uma barbearia improvisada no centro de Khan Younis. Enquanto isso, as tropas israelenses também bombardearam uma casa em Bani Suheila, a leste da mesma cidade, matando mais de 10 civis.
No nordeste de Rafah, uma mulher foi morta em um bombardeio israelense, enquanto dois palestinos foram atingidos por um ataque direcionado a uma tenda que abrigava pessoas deslocadas na área de at-Tham, no norte. Na Cidade de Gaza, no centro, três cidadãos morreram após israelenses bombardearem uma casa na rua as-Sikka, no bairro de Zeitoun.
A ofensiva do regime sionista foi intensificada desde que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com aval dos Estados Unidos de Donald Trump, violou o acordo de cessar-fogo com o Hamas, em 18 de março.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) seguem realizando suas operações militares em toda a Faixa de Gaza
Hamas rejeita nova proposta de cessar-fogo
Em meio ao massacre em Gaza, Tel Aviv apresentou uma nova proposta de cessar-fogo ao grupo palestino, que defendia a permanência das tropas no enclave. Entretanto, na quinta-feira (17/04), o Hamas rejeitou o texto, enfatizando que não aceitará um acordo “parcial” que não garanta o fim da guerra ou a retirada total das forças israelenses de Gaza.
O negociador-chefe do Hamas, Khalil al-Hayya, acusou Netanyahu de apresentar uma oferta que “estabelece condições impossíveis para um acordo que não leva ao fim da guerra ou à retirada total”.
“O Hamas não vai aceitar nenhum acordo parcial de cessar-fogo. Eles são usados por Benjamin Netanyahu como cobertura para sua agenda política, que se baseia na continuidade da guerra de extermínio e fome. Não seremos cúmplices dessa política”, afirmou Al-Hayya.
Atualmente há 58 reféns mantidos no enclave que foram capturados pelo Hamas após o ataque de 7 de outubro de 2023. Na oferta mais recente de Israel ao grupo palestino, o regime sionista propôs a libertação inicial de 10 prisioneiros israelenses em troca de um cessar-fogo de 45 dias e a libertação de reféns palestinos, com a promessa de uma discussão mais aprofundada sobre o fim da guerra e a restauração da ajuda a Gaza.
Pela primeira vez, Israel exigiu o desarmamento completo do Hamas como parte do acordo, tópico que foi rechaçado pelo movimento palestino.
Por outro lado, al-Hayya afirmou que o grupo estava pronto para um “acordo abrangente” que garantisse a libertação de todos os israelenses retidos no enclave, em troca de um número acordado de palestinos mantidos por Israel. No entanto, com a condição fundamental de que Tel Aviv “deve acabar completamente com a guerra contra nosso povo e se retirar totalmente da Faixa de Gaza”.
Após a rejeição da mais recente proposta de cessar-fogo, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, pediu ao país que intensifique os combates no enclave.
“Chegou a hora de abrir os portões do inferno para o Hamas, de intensificar os combates até a conquista completa da Faixa de Gaza”, disse.
O governo dos EUA, principal aliado do regime sionita, também criticou a decisão tomada pelo grupo palestino.
“Os termos feitos pelo governo Trump não mudaram: libertar os reféns ou enfrentar o inferno”, destacou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, James Hewitt.
(*) Com Ansa
