As Forças de Defesa de Israel (FDI) bombardearam Gaza na noite de quinta-feira (12/12), poucas horas após a Assembleia Geral da ONU aprovar, por ampla maioria, uma resolução exigindo o cessar-fogo imediato na região.
Ao menos 33 palestinos foram mortos e outros 50 ficaram feridos quando as bombas atingiram uma agência de correios transformada em abrigo para deslocados, no campo refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza.
A informação foi dada por médicos à agência Reuters. Fotos mostram crianças cobertas de poeira e sangue nos escombros.
Nuseirat, originalmente um campo de refugiados palestinos da guerra de 1948, é hoje uma área urbana densamente povoada onde se abrigam pessoas deslocadas de toda a Faixa de Gaza.
Ataques a escolta de ajuda humanitária
Mais cedo na quinta-feira, dois ataques das FDI no sul de Gaza mataram 13 palestinos que, segundo médicos, protegiam caminhões de ajuda humanitária.
O Exército sionista alegou que eles eram membros do Hamas que tentavam desviar o carregamento para o grupo. Logo após o ataque, a ajuda foi roubada por bandos armados.
O Hamas explicou que organizou uma força-tarefa para evitar o frequente saque de caminhões por gangues armadas.
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Isso porque, segundo o grupo, desde o início da atual guerra, Israel já matou 700 policiais locais que custodiavam esses carregamentos, com o objetivo de favorecer os saques e impedir que a ajuda chegue ao povo de Gaza.
Ainda na quinta, o Exército israelense ordenou a evacuação de vários distritos no centro da Cidade de Gaza, alegando que atacariam as áreas porque delas haviam sido lançados foguetes do Hamas.
Os alertas provocaram o deslocamento de dezenas de famílias e os bombardeios mataram 22 pessoas de um prédio residencial da cidade.
Médico alvejado por drone
No campo de refugiados de Jabalia, no norte do enclave, o médico ortopedista Saeed Judeh foi morto por um drone armado quando ia do hospital Kamal Adwan ao Al-Awada atender pacientes.
O norte de Faixa de Gaza está isolado desde outubro, com abastecimento precário e inúmeros ataques focados na sua infraestrutura médica.
Só o hospital Kamal Adwan, o maior da região, já foi bombardeado diversas vezes e invadido pelos militares de Israel, que sequestraram a maior parte de seu pessoal médico.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que a morte desse médico eleva para 1.057 o número de profissionais de saúde assassinados por Israel desde o início da guerra.
Na quarta-feira (11/12), além de aprovar a resolução que exige um cessar-fogo imediato em Gaza, a Assembleia da ONU expressou seu apoio à agência da entidade para refugiados palestinos, que foi proibida por Israel de atuar na região.
Obstáculos à ajuda humanitária
O chefe dessa agência, Philippe Lazzarini, disse que os obstáculos impostos para a ajuda humanitária à região são grandes em função do cerco militar da área.
Isso envolve restrições de quantidades impostas pelas autoridades israelenses, falta de segurança nas rotas da ajuda, além do fato da política local que protege os comboios ser com frequência alvejada.
“Israel deve abster-se de atacar trabalhadores humanitários”, enfatizou Lazzarini.
Ele acredita que um acordo para um cessar-fogo e a libertação dos cerca de 100 reféns israelenses que permanecem em Gaza talvez esteja próximo.
Recorde de civis mortos, metade mulheres e crianças
A resposta de Israel à ofensiva do Hamas já matou mais de 44.800 palestinos, mais da metade eram mulheres e crianças.
Acredita-se que milhares de pessoas estejam soterradas sob os escombros.
Há evidências de que jornalistas, infraestrutura de saúde e profissionais dessa área são alvos preferenciais.
Além disso, o Exército de Israel expulsou de suas casas praticamente a totalidade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
Os bombardeios destroem casas e praticamente toda a infraestrutura do território de Gaza, restringindo a entrada de ajuda humanitária.
Com isso, provocou mais mortes por fome e doenças mortais.
Na quinta-feira, o grupo de vigilância Airwars, que avalia os danos causados a civis por ataques aéreos, divulgou um relatório informando que a campanha de Israel em Gaza foi “de longe o conflito mais intenso, destrutivo e fatal para civis” já registrado.