Israel ordena evacuação, e 400 mil civis se aglomeram no norte de Gaza
Imprensa local e ONU denunciam avanço das tropas israelenses no campo de refugiados de Jabalia: 'atiram em qualquer um que ande pela rua'
Ao menos 400 mil pessoas estão aglomeradas no norte da Faixa de Gaza, principalmente na cidade de Jabalia, após repetidas ordens de evacuação de Israel, cujas forças militares avançam na região.
A violência israelense no local foi responsável pela morte do jornalista Mohammed Tanani, que trabalhava para a TV local Al-Aqsa. Após ter seu corpo transportado pelo Crescente Vermelho Palestino, a vítima foi identificada pelo gabinete de imprensa de Gaza, que informou a morte enquanto o repórter cobria o cerco de Israel ao campo de refugiados em Jabalia.
Correspondentes da Al Jazeera no norte do enclave relataram que seu cinegrafista Fadi al-Wahidi foi atingido por tiros de Tel Aviv. Segundo os repórteres, “as forças israelenses atiram em qualquer um que ande pela rua”, além de terem montado “uma série de barreiras e destruírem várias casas de cidadãos para fechar a rua que leva a Jabalia”.
Segundo seus relatos, há diversos corpos de vítimas que não podem ser recuperados, além de barreiras criadas por Tel Aviv para impedir livre passagem.
Segundo o chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini, a gravidade da situação tem levado “centros de acolhimento e de serviços a fechar”.
“Com a quase total ausência de bens de primeira necessidade, a fome se espalha e se agrava”, acrescenta Lazzarini, que também lembra que a mais recente operação militar israelense prejudica a segunda fase da campanha de vacinação contra a poliomielite em crianças de até 10 anos em Gaza.

Wafa/Wikicommons
Em Jabalia, há corpos de vítimas que não podem ser recuperados, além de barreiras criadas por Tel Aviv para impedir livre passagem
“As crianças, como sempre, são as primeiras e as mais atingidas. Elas merecem muito mais, merecem um cessar-fogo agora”, instou.
Segundo o o governo do enclave, nas últimas 24 horas, 45 palestinos morreram por ataques das Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) em Gaza.
Enquanto isso, Israel mantém seu maior ataque contra a cidade de Nablus, na Cisjordânia ocupada. Segundo a agência de notícias palestina Wafa, forças israelenses secretas, conhecias como Mista’arvim, mataram quatro jovens palestinos na região ao atirar contra um veículo.
A agência também relatou que soldados de Tel Aviv atacaram agricultores em Sebastia, a noroeste de Nablus, forçando-os a deixar suas terras e apreendendo um trator.
Dados atualizados pelo Ministério da Saúde local revelam que mais de 42 mil palestinos morreram e quase 100 mil ficaram feridos desde o início do confronto, em 7 de outubro de 2023.
(*) Com Ansa e Wafa