Israel realiza ‘genocídio ao vivo’ em Gaza, denuncia Anistia Internacional
Relatório da organização de direitos humanos acusa Tel Aviv de ocupação ‘cada vez mais descarada e mortal’; no mesmo dia, autoridades israelenses libertam médico sequestrado após ataque em Rafah
Israel está realizando um “genocídio transmitido ao vivo” na Faixa de Gaza, denunciou a Anistia Internacional por meio de seu Relatório Anual, publicado nesta terça-feira (29/04).
No documento intitulado “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”, a organização de direitos humanos também acusou os países ocidentais de assistirem ao genocídio palestino “como se não tivessem poder”.
What is the State of the World’s Human Rights today?
Our report assesses 150 countries, painting a picture of a new age of rising authoritarian practices and a disregard for international law. Read for yourself 👇https://t.co/6aCNY8HWln
— Amnesty International (@amnesty) April 29, 2025
“2024 será lembrado pela forma como a ocupação militar de Israel se tornou cada vez mais descarada e mortal, pela forma como os EUA, a Alemanha e um punhado de outros estados europeus apoiaram Israel; pela forma como os EUA, sob o governo [de Joe] Biden, vetaram repetidamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pediam um cessar-fogo e os estados continuaram as transferências de armas para Israel”, revelou o relatório.
Segundo a Anistia Internacional “Israel e seus poderosos aliados alegaram ou agiram como se o direito internacional não se aplicasse a eles”. Fizeram isso “ignorando deliberadamente as ordens do Tribunal Internacional de Justiça e as acusações do Tribunal Penal Internacional”.
“2024 demonstrou a disposição dos Estados em utilizar propaganda a serviço de conflitos armados, amplificada por algoritmos de mídia social e vozes poderosas, sem levar em conta a precisão ou as consequências carregadas de ódio. Em suma, 2024 nos desumanizou a todos”, concluiu o documento.

UNRWA/X
Paramédico libertado
Também nesta terça-feira (29/04), Israel libertou 11 detentos palestinos. Os indivíduos libertados foram transferidos das prisões israelenses para o Hospital Europeu em Khan Yunis, através da Travessia de Karm Abu Salem.
Um dos palestinos soltos com o grupo é o médico Asaad Al-Nsasrah, que foi sequestrado por Israel no ataque que matou 15 paramédicos do Crescente Vermelho Palestino (PRCS), da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Defesa Civil em Gaza, em 23 de março.
The first moments of colleague Asaad Al-Nsasrah’s arrival and reunion with his teammates following his release today, after 37 days in detention by the occupation forces. He had been arrested while performing his humanitarian duty during the massacre of medical teams in the Tel… pic.twitter.com/TzGHbZHeJl
— PRCS (@PalestineRCS) April 29, 2025
“As forças de ocupação acabaram de libertar o médico Asaad Al-Nsasrah, detido em 23 de março de 2025, enquanto cumpria seu dever humanitário durante o massacre de equipes médicas na região de Tel Al-Sultan, na província de Rafah. O ataque resultou na morte de oito médicos do PRCS”, informou a organização por meio da rede social X.
O profissional humanitário ficou detido durante 37 dias e foi encaminhado ao Hospital Al-Amal “com problemas de saúde” e submetido a exames. Os corpos de seus colegas vitimados por Israel foram encontrados empilhados em uma vala comum.
Um relatório conjunto recente da Comissão de Assuntos de Detentos e Ex-Detentos e da Sociedade de Prisioneiros Palestinos afirmou que depoimentos de ex-detentos descrevem abusos generalizados cometidos pelas autoridades israelenses nas prisões.
O relatório enfatizou que, 19 meses após o início do genocídio em curso, as condições de detenção não melhoraram — na verdade, continuam a se deteriorar.
Os detidos palestinos que são libertados são frequentemente encontrados em estado gravemente deteriorado, com corpos desnutridos e com inúmeros sinais de tortura pelas autoridades prisionais e dos campos israelenses. Estupros e agressões sexuais também são frequentes contra detidos de Gaza.
Mais de 9.500 palestinos estão atualmente detidos em prisões israelenses, além de um número desconhecido de palestinos da Faixa de Gaza que desapareceram desde outubro de 2023.
(*) Com Monitor do Oriente Médio
