O Exército de Israel voltou a atacar nesta segunda-feira (15/07) o sul e centro da Faixa de Gaza, dois dias após os bombardeios que mataram 92 palestinos abrigados no campo de refugiados de Al Mawasi, também no sul do enclave, próximo a Khan Younis.
De acordo com a emissora catari Al Jazeera, as Forças de Defesa israelense (IDF, na sigla em inglês) bombardearam uma casa situada no acampamento de Maghazi, na região central, matando ao menos quatro pessoas e deixando várias feridas. Durante a madrugada, as tropas militares também atingiram outra residência próxima ao campo, provocando pelo menos cinco fatalidades, incluindo a de três crianças.
De acordo com o Ministério da Saúde palestino, o número de mortos em decorrência das operações israelenses em Gaza, desde 7 de outubro de 2023, chegou a 38.664 nesta segunda-feira, sendo que nas últimas 24 horas foram registrados 80 novos óbitos. Já o número de feridos subiu para 89.097.
As operações lideradas pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acontecem apesar do Hamas ter anunciado, no dia anterior, o abandono das negociações de cessar-fogo em repúdio ao bombardeio de sábado (13/07). Na semana passada, o grupo palestino havia aceitado negociar a libertação dos reféns ao abrir mão da condição inicial de cessar-fogo permanente, que era uma das exigências fundamentais do movimento.
De acordo com a agência Reuters, o ataque israelense que matou mais de 90 palestinos transformou a área movimentada de Al Mawasi em “um terreno baldio carbonizado, repleto de carros em chamas e corpos mutilados”.
Ao veículo, os sobreviventes desabrigados disseram que “não tinham ideia para onde deveriam ir”
“Aqueles momentos em que o chão tremeu sob meus pés e a poeira e a areia subiram para o céu e eu vi corpos desmembrados, nunca vi algo assim na minha vida”, contou Aya Mohammad, à Reuters. “Para onde ir é o que todo mundo pergunta, e ninguém tem a resposta.”
O campo de deslocados de Al Mawasi, que foi destruído pelas IDF, era considerado uma “zona segura” pelos israelenses e abrigava centenas de milhares de palestinos. Após o bombardeio, o governo de Israel alegou que tinha como alvos dois líderes do Hamas, Mohammed Deif e Rafa Salama, apresentados como “dois cérebros do massacre de 7 de outubro”.
Segundo o grupo palestino, Deif está vivo. “Ele está bem e supervisiona as operações da Brigadas al Qasam (braço armado do Hamas) e da resistência”, declarou uma fonte do movimento, citada pela AFP.