No último sábado (28/09) líderes de Cuba, Venezuela e do movimento de solidariedade à Palestina participaram de um evento no Apollo Theater, em Harlem, Nova York, como parte da crescente mobilização internacional em apoio à causa palestina. As informações são do People’s Dispatch.
O evento, intitulado “A América Latina Fala: Solidariedade Contra o Império”, aconteceu durante a Assembleia Geral das Nações Unidas e teve como objetivo fortalecer laços entre povos da América Latina, dos Estados Unidos e do Oriente Médio, destacando as conexões entre as lutas pela autodeterminação em regiões como Líbano, Palestina e América Latina.
Poucas horas antes do evento, o Hezbollah anunciou que Israel havia assassinado seu Secretário-Geral, Sayyed Hassan Nasrallah, em um ataque que aumentaria as tensões globais.
O assassinato foi citado pelos palestrantes, que reforçaram a necessidade de solidariedade internacional diante do avanço de ações imperialistas e do que descreveram como uma “guerra genocida” promovida por Israel no Líbano e na Palestina.
O evento foi organizado pelo People’s Forum e contou com a arrecadação de fundos destinados à Middle Eastern Children’s Alliance (MECA), parte da campanha internacional “The People Stand with Gaza“, coordenada entre o MECA e a coalizão Shut It Down for Palestine.
Entre os palestrantes estavam Manolo De Los Santos, do People’s Forum; Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba; Lameess Mohammed, do Palestinian Youth Movement; Yván Gil Pinto, ministro das Relações Exteriores da Venezuela; e Vijay Prashad, diretor do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social.
O Apollo Theater, local do evento, foi destacado pelos participantes por seu significado histórico como um marco da cultura afro-americana. “Estou emocionado por estar no coração do Harlem, neste palco pela primeira vez, neste teatro icônico da cultura artística afro-americana”, disse Rodríguez.
Os ministros de Cuba e Venezuela aproveitaram o palco para reforçar a solidariedade mútua, diante das sanções impostas pelos Estados Unidos a seus países. “Condenamos o bloqueio que já dura 60 anos em Cuba”, declarou Gil Pinto.
“O país que verdadeiramente promove o terrorismo no mundo está colocando Cuba na lista dos que promovem terrorismo”, continuou, em referência à permanência de Cuba na lista norte-americana de patrocinadores de terrorismo.
Rodríguez, por sua vez, denunciou as tentativas de forças imperialistas de deslegitimar o governo venezuelano. “Hoje o imperialismo também ataca a Venezuela”, disse. “É direito dos venezuelanos defender um processo revolucionário e verdadeiramente independente contra os ataques do imperialismo. Viva a Revolução Chavista e Bolivariana!”
Durante o evento, os palestrantes também criticaram duramente as sanções norte-americanas. “Não é apenas com bombas que os Estados Unidos fazem guerra; os EUA punem os povos soberanos e independentes do terceiro mundo”, afirmou De Los Santos. “O alvo dos EUA são mais de um terço do mundo, com essas chamadas sanções.”
Os ataques israelenses à Palestina e ao Líbano também foram destacados. “Israel pode matar, mas não pode vencer”, declarou De Los Santos. “Nosso querido Ghassan Kanafani nos lembra que os corpos podem cair, mas as ideias perduram.”
Gil Pinto fez uma analogia entre a guerra no Oriente Médio e as dificuldades enfrentadas pela Venezuela. “O que acontece no Líbano e na Palestina com bombas, acontece na Venezuela com sanções, que também matam seres humanos, tentando submetê-los à sua vontade”, afirmou.
Rodríguez destacou os crimes que atribui ao imperialismo, não apenas na América Latina, mas em várias partes do mundo. “O imperialismo comete genocídio contra populações inteiras. O crime de genocídio que o imperialismo está cometendo contra o povo palestino, usando o governo de Israel, não tem paralelo na história recente. É o grande crime do século 21”, declarou, exclamando: “Palestina Livre!”
Rodríguez também descreveu o impacto econômico do bloqueio imposto a Cuba, explicando que apenas 25 dias de custos decorrentes do bloqueio equivalem ao preço total dos medicamentos necessários para atender à população cubana por um ano.
Lameess Mohammed, do Palestinian Youth Movement, ressaltou a importância da solidariedade entre Gaza e a América Latina, principalmente no que diz respeito à reconstrução de Gaza após a guerra.
“Para reconstruir Gaza, precisaremos de médicos, precisaremos de engenheiros”, afirmou. “E esses médicos e engenheiros estão sendo treinados hoje em Cuba e na Venezuela.”
Vijay Prashad, em sua fala, destacou as diferenças entre os projetos socialistas de Cuba e Venezuela e o que chamou de “máquina de guerra imperialista”.
“Por que eles têm medo de Cuba? Eles não têm medo de Cuba, eles gostariam de absorver Cuba. Eles têm medo da Revolução Cubana!”, exclamou Prashad. “Ou avançamos para o socialismo ou enfrentaremos a ruína comum das classes em conflito. Ou avançamos para o socialismo, ou destruímos o mundo.”