Liga Árabe defende ‘ação conjunta’ contra escalada belicista por parte de Israel
Durante cúpula de chanceleres, representantes de 22 países disseram considerar que ações militares recentes de Tel Aviv buscam ‘violar locais sagrados’ e ‘mudar identidade árabe’
A Liga Árabe realizou nesta terça-feira (10/09) uma reunião de cúpula do seu Conselho de Chanceleres, na qual defenderam a necessidade de uma manifestação conjunta contra as agressões de Israel contra a população da Faixa de Gaza.
O encontro, realizado no Cairo, capital do Egito, também discutiu a possibilidade de uma ação através de instâncias internacional para pedir a responsabilização do governo sionista e especialmente do premiê Benjamin Netanyahu pelos crimes de guerra cometidos contra o povo palestino.
Outro tema destacado durante a cúpula da Liga Árabe, expressado por diversos chanceleres presentes, foi o temor de que a estratégia desencadeada por Tel Aviv nos últimos dias estaria levando a uma escalada regional do conflito, que poderia obrigar alguns países membros da entidade se envolver diretamente no mesmo.
O documento final do evento destaca os bombardeios israelenses a regiões do Líbano, o recente ataque a uma região da Síria e também em Jerusalém e no norte da Cisjordânia, alegando que tais ações seria uma forma do regime de Tel Aviv de tentar “mudar a identidade árabe”.
“Os membros desta Liga condenam as violações israelenses aos locais sagrados, como uma violação clara do direito internacional e uma escalada perigosa, e afirma a sua rejeição e condenação de todas as políticas israelenses destinadas a mudar a identidade árabe, islâmica e cristã de Jerusalém e dos seus locais sagrados”, afirma a declaração final da cúpula.

Cúpula de chanceleres da Liga Árabe foi pautada por temor de uma escalada regional do conflito no Oriente Médio
Sobre a questão da Faixa de Gaza, o documento reafirmou o apoio da Liga Árabe aos “esforços impulsionados por Egito e Catar para alcançar um cessar-fogo permanente na região” e também a posição histórica de reconhecimento do Estado da Palestina de acordo com suas fronteiras estabelecidas nos tratados de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.
O diplomata egípcio Ahmed Aboul Gheit, secretário-geral da Liga Árabe, ofereceu uma coletiva de imprensa horas depois da reunião dos chanceleres, na qual afirmou que “a busca por um cessar-fogo na Faixa de Gaza não é apenas um clamor dos povos árabes, mas uma necessidade global e humanitária”.
Gheit também abordou a questão da escalada regional do conflito, dizendo que “este é um perigo que deve ser tratado como uma ameaça a todo o mundo árabe, não apenas aos países cujas fronteiras foram violadas em eventos recentes. O envolvimento de outras nações nesse conflito é uma situação que terá eco em toda a região”.
Além dos chanceleres dos 22 países membros da Liga, a cúpula contou com dois ministros convidados: Hakan Fidan, representante da Turquia, e Josep Borrell, responsável pelas relações internacionais da União Europeia.
