O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (23/09) ao afirmar que a entidade “não tem coragem” de criar o Estado da Palestina. O mandatário ainda acrescentou que o genocídio na Faixa de Gaza poderia ter sido evitado “se a ONU cumprisse com sua tarefa”.
A declaração foi proferida durante um evento promovido pela Fundação Bill e Melinda Gates em Nova York, nos Estados Unidos, onde a autoridade brasileira recebeu o prêmio Goalkeepers pelo mérito de políticas de combate à fome e à pobreza em seus governos.
A fala também foi realizada na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU e no contexto da escalada de tensões no Oriente Médio, com bombardeios israelenses atingindo o Líbano, inclusive a capital de Beirute, e matando centenas de civis.
“Quando a ONU foi criada, tinha 51 países, agora tem 193. Significa que mais de 140 não participaram da criação da ONU. E a ONU, que, quando foi criada, teve força de criar o Estado de Israel, hoje não tem coragem de criar o Estado palestino. Não tem força para decidir”, afirmou Lula, aproveitando a atenção recebida no evento ao lado de Bill Gates.
“Não precisaria ter tido a guerra da Rússia na Ucrânia, o genocídio na Faixa de Gaza, a invasão da Líbia, a guerra do Iraque. Tudo isso poderia ter sido evitado se a ONU cumprisse com sua tarefa de ser uma espécie de governança mundial”, acrescentou o presidente em seu discurso.
Lula também voltou a defender a ampliação dos assentos permanentes no Conselho de Segurança e o fim do poder de veto que, em diversas ocasiões, impediu o cessar-fogo no enclave palestino.
“O mundo não pode continuar com cinco países sendo membros do Conselho de Segurança, tem que ter participação do continente africano, latino-americano, asiático, para que a gente possa ter uma instância mais plural e representativa. Ninguém mais respeita uma decisão da ONU”, criticou, acrescentando que “não há governança e nem autoridade mundial”.
Lula critica ricos ao lado de Bill Gates
Após receber o prêmio Goalkeepers, Lula usou o espaço para criticar os super-ricos ao lado de um dos homens com maior poder aquisitivo no mundo, o Bill Gates.
“Eu achava que precisamos passar fome para lutar. Mas isso não leva ninguém à revolução. Isso leva à submissão”, declarou o presidente brasileiro, afirmando que “rico não precisa do estado”, e sim aqueles que “não têm a oportunidade de estudar”.
O mandatário também apontou para a possibilidade de erradicar a fome, uma vez que o problema “não é falta de dinheiro”, mas sim “gente cada vez mais rica sem produzir um copo e vivendo de especulação”. Lula mencionou o ano de 2023 para destacar que a circulação de US$ 2,4 trilhões em armas. Segundo ele, esses recursos seriam suficientes para acabar com a fome.
“A fome não é falta de dinheiro, mas falta dose vergonha na nossa cara de quem governa o mundo”, declarou. “Não sou contra ricos. Mas sou contra existir gente pobre”.
(*) Com Ansa