Israel promoveu na madrugada desta segunda-feira (14/10) ataques contra civis palestinos no norte e centro da Faixa de Gaza, deixando pelo menos 27 mortos e mais de 150 feridos.
As Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) bombardearam o Hospital Al-Aqsa, localizado na cidade de Deir al-Balah, atingindo tendas de deslocados que utilizavam o pátio do local como refúgio da violência de Tel Aviv.
Segundo o Ministério da Saúde local, o bombardeio provocou um incêndio nas tendas e no hospital, deixando quatro mortos e 70 feridos, a maioria mulheres e crianças.
As FDI confirmaram o ataque contra o Hospital Al-Aqsa, justificando a ofensiva contra “suspeitos de terrorismo que operam a partir do interior do hospital”. De acordo com um comunicado, supostos militantes do Hamas usavam o edifício para “planejar e executar ataques contra o território israelense”.
O ataque ao Hospital Al-Aqsa ocorreu pouco depois de um bombardeio israelense contra a escola Mufti, que também abriga deslocados no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, ter deixado pelo menos 22 mortos e 80 feridos.
Mohammed Tahir, um cirurgião voluntário em Al-Aqsa ouvido pela emissora Al Jazeera, descreveu o ataque israelense ao hospital como um “show de horrores”. Segundo o médico, sua equipe já estava sobrecarregada com a chegada de feridos do bombardeio contra a escola da UNRWA.
“Fomos inundados. Tivemos mulheres, homens, crianças de apenas um ano de idade morrendo diante dos nossos olhos. Falei com inúmeras pessoas que testemunharam alguns dos horrores. As pessoas estão traumatizadas. Acho que é justo dizer que as pessoas realmente chegaram ao ponto agora em que sentem que não há esperança – ninguém está vindo para ajudá-las, ninguém está vindo para salvá-las”, Tahir declarou à Al Jazeera.
Ao informar que a maioria dos feridos apresentam queimadura em 60% a 80% do corpo, o médico declara que “infelizmente, seu destino está selado. Eles nem chegarão à UTI. Eles morrerão”.
O Hamas condenou o ataque ao campo de refugiados de Nuseirat, chamando-o de “massacre horrível”, e declarou que Israel “não teria ousado continuar a operação genocida” na Faixa de Gaza e as incursões no sul do Líbano, se não fosse pelo apoio dos Estados Unidos.
O comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou o ataque contra o hospital Al-Aqsa e a escola, que pertenciam às Nações Unidas.
#Gaza : another night of horror in the middle areas.
Tents up in flames due to an airstrike on the courtyard of Al Aqsa hospital where people sought shelter.
Meanwhile, in the same area, an @UNRWA school was hit with 20 people reported killed. The school was planned to be… pic.twitter.com/lgDmLNWmov
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) October 14, 2024
“Gaza vive um inferno sem fim. Tudo isso não deve se tornar a nova norma. A humanidade deve prevalecer”, instou por meio das redes sociais.
Lazzarini ainda anunciou que a escola da UNRWA seria utilizada para a nova campanha de vacinação contra poliomielite, que começou nesta segunda-feira. “Tivemos que cancelar a campanha de vacinação devido aos danos graves”.
A emissora Al Jazeera também registrou que duas pessoas foram mortas em um campo em Jenin, na Cisjordânia ocupada. Segundo o relato, os palestinos “foram mortos a tiros pelas forças israelenses”, que usam escavadeiras, atiradores e “intensa presença de drones no céu”.
Desde que a guerra de Israel contra a Faixa de Gaza começou, há pouco mais de um ano, mais de 42.200 pessoas foram mortas e outras 98.400 ficaram feridas, segundo os últimos números do Ministério da Saúde de Gaza.
(*) Com TeleSUR