Quarta-feira, 14 de maio de 2025
APOIE
Menu

A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, conta no seu corpo de funcionários com mais de 100 ex-espiões israelenses e soldados das Forças de Defesa de Israel (IDE, por sua sigla em inglês). É o que afirma Nate Bear, em artigo publicado no site ¡Do Not Panic!.

Segundo Bear, a chefe de política de Inteligência Artificial da empresa, Shira Anderson, serviu voluntariamente por mais de dois anos nas IDF, em 2009. Ela participou de um programa do governo israelense, conhecido como Garin Tzabar, que permite que judeus não nascidos em Israel se juntem ao Exército do país.

Anderson, que foi assistente jurídica do chefe da Suprema Corte de Israel após trabalhar para um think tank dirigido pelo ex-chefe das do Exército, já fez diversas declarações públicas negando o genocídio em Gaza.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Na Meta, “ela desenvolve orientações jurídicas, políticas e pontos de discussão de relações públicas sobre questões e regulamentação de IA para todas as principais áreas” da empresa, apontou a investigação de Near. Ele ainda destacou que o papel de Anderson na Meta é “fundamental”.

Mais de 100 pessoas

Entre os ex-espiões israelenses e soldados da IDF empregados pela empresa, muitos contam com especialização em Inteligência Artificial e têm passagem pela Unidade 8200, uma agência de espionagem de Israel.

“Dado que Israel fez uso extensivo de IA não apenas para conduzir seu genocídio, mas para estabelecer seu sistema anterior de apartheid, vigilância e ocupação, o recrutamento de especialistas em IA das IDF pela Meta é particularmente insidioso”, observou Bear.

Segundo ele, um relatório divulgado no ano passado denunciou a infiltração da Unidade 8200 em grupos do WhatsApp. Os nomes teriam sido marcados “em um grupo para assassinato se apenas um suposto membro do Hamas também estivesse no grupo, independentemente do tamanho ou conteúdo do bate-papo”.

“Como a unidade de espionagem de Israel obteve acesso aos dados de usuários do WhatsApp mantidos pelo Meta?”, questionou.

Bombardeios em Gaza já mataram mais de 50 mil pessoas.
Gaza Jaber Jehad Badwan Wikimedia Commons

Outros casos

Entre os funcionários da Meta com passagem pela Unidade 8200 estão Guy Shenkerman, com 10 anos de trabalho na agência de espionagem, Maksim Shmukler, com seis, e Miki Rothschild, ex-comandante do Esquadrão Moran das IDF, durante a segunda intifada.

Bear também mencionou Ela Weinsberg, diretora de Gerenciamento de Programas Técnicos na Meta, que gerenciou para Israel “um produto que fornecia serviços de localização detalhados para uma variedade de sistemas de comando e controle”.

Ele lembra que em novembro do ano passado, a Meta anunciou que disponibilizaria suas ferramentas de IA para aplicações de segurança nacional. “No anúncio, a empresa se disse ‘entusiasmada’ em trabalhar com os principais fabricantes de armas dos EUA e corporações estatais de segurança nacional, incluindo Lockheed Martin, Palantir e Anduril”, apontou.

“Com a proliferação de ex-espiões e soldados israelenses nas grandes empresas de tecnologia dos EUA, assistimos à captura completa do estado de segurança nacional dos EUA por vozes pró-Israel e que negam o genocídio, enquanto assistimos jornalistas sendo queimados até a morte em tendas”, afirmou Bear.

E concluiu: “à medida que o futuro da IA ​​avança, as pessoas que construíram a arquitetura digital que permitiu a vigilância e o controle total dos palestinos, e que escreveram o código que permitiu seu genocídio, agora estão determinando esse futuro para todos nós. A perspectiva é realmente assustadora”.