Manifestantes pró-Palestina em Amsterdã seguem reagindo nas ruas após as provocações sionistas de torcedores do time israelense Maccabi Tel Aviv que estavam na Holanda para acompanhar uma partida do clube contra o Ajax, pela Liga Europa. As autoridades da capital holandesa já haviam declarado uma proibição de três dias por conta dos confrontos antes e depois da partida.
Segundo o canal catari Al Jazeera, na madrugada desta terça-feira (12/11), jovens alegando solidariedade aos palestinos e entoando “Palestina livre” atearam fogo e quebraram as janelas de um bonde sem passageiros, em um subúrbio da capital holandesa. A polícia de choque de Amsterdã limpou a área após a extinção do fogo, e não houve registro de feridos.
Os atos decorrem de diversos confrontos entre hooligans [termo comumente atribuído a torcidas esportivas com atitudes desorganizadas e violentas] do Maccabi Tel Aviv e de torcedores do Ajax, que ocorreram antes e depois da partida entre os clubes na última quinta-feira (07/11).
A rivalidade aumentou quando os torcedores do Maccabi Tel Aviv realizaram agressões contra símbolos de apoio aos palestinos, que estão sendo massacrados diariamente em Gaza por militares de Israel. Segundo publicações divulgadas nas redes sociais, grupos da torcida vandalizaram uma bandeira da Palestina, gritaram slogans islamofóbicos e atacaram torcedores palestinos antes da partida.
À Al Jazeera, Yuval Gal, do Coletivo Judaico Erev Yav, declarou que tentou explicar às autoridades holandesas que muitos dos torcedores do Maccabi Tel Aviv são soldados que serviram na Faixa de Gaza.
“Para eles, vir a Amsterdã foi uma pequena demonstração, uma demonstração pró-Israel. Então não era só sobre futebol”, afirmou ao jornal.
Assim, as provocações levaram à agressão entre os torcedores após a partida finalizada em 5 x 0 para Ajax na Johan Cruyff Arena. Um vídeo de seis segundos divulgado pelo Globo Esporte mostra um homem no chão, sem movimentar-se, e outros dois dando chutes em seu corpo enquanto um terceiro grava a agressão. Logo após, todos saem correndo. Não há indicativos se o torcedor agredido é israelense ou holandês.
Segundo a polícia de Amsterdã, 62 pessoas foram presas após as brigas no dia seguinte à confusão. Contudo, as detenções crescem à medida que há o desenrolar das tensões.
Na madrugada desta terça-feira, foram presas mais cinco pessoas ligadas às agressões daquela noite, todos homens de idade entre 18 e 37 anos, mas não foi especificado se eram torcedores do Maccabi Tel Aviv, do Ajax, ou manifestantes pró-Palestina.
Número “muito baixo” de prisões
Israel, que classificou a situação como um “incidente muito violento contra cidadãos israelenses” e um “ataque antissemita planejado”, e mobilizou dois aviões para levar de volta os israelenses da Holanda, considera que o número de prisões feitas até o momento “é muito baixo”. Assim, segundo a Al Jazeera, o governo israelense se ofereceu para ajudar na investigação e deter mais pessoas.
Prime Minister Benjamin Netanyahu spoke with Dutch Prime Minister Dick Schoof and emphasized the great importance of the Dutch government ensuring the wellbeing of all Israelis in the Netherlands, including those who were wounded and injured in the disturbances.
— Prime Minister of Israel (@IsraeliPM) November 8, 2024
Netanyahu conversou com seu homólogo holandês Dick Schoof e instou que o governo holandês e as forças de segurança do país tomassem “medidas vigorosas e rápidas contra os manifestantes”, além de que “a segurança da comunidade judaica holandesa fosse aumentada”.
A narrativa de um ataque antissemita foi concordada por Schoof, que também não mencionou as ações desrespeitosas que os torcedores do Maccabi Tel Aviv promoveram contra os cidadãos holandeses.
Have been following the news from Amsterdam and am horrified by the antisemitic attacks on Israeli citizens. This is completely unacceptable. I am in close contact with all parties involved and have just spoken to @IsraeliPM Netanyahu by phone to stress that the perpetrators will…
— Dick Schoof (@MinPres) November 8, 2024
“Estou horrorizado com os ataques antissemitas a cidadãos israelenses. Isso é completamente inaceitável. Estou em contato próximo com todas as partes envolvidas e acabei de falar com o primeiro-ministro Netanyahu para enfatizar que os perpetradores serão identificados e processados. A situação em Amsterdã está calma novamente”, declarou por meio das redes sociais.
A narrativa de suposto antissemitismo também foi comprada pela prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, que comparou os eventos à perseguição que judeus sofreram na Europa.
A violência dos torcedores sionistas levou o Conselho Municipal de Amsterdã a realizar um debate de emergência marcado para esta terça-feira.
Além disso, a próxima partida do Maccabi Tel Aviv, que deve enfrentar o clube turco Besiktar, foi transferida para a Hungria com portões fechados após a Turquia se negar a sediar o jogo.