Manifestantes vão às ruas e pedem que Portugal reconheça Estado palestino
A Opera Mundi, António Filipe, deputado pelo Partido Comunista Português, destacou a solidariedade da sigla ao povo palestino e cobrou governo
Centenas de pessoas protestaram em Lisboa, capital de Portugal, nesta quarta-feira (19/03) contra os novos ataques de Israel na Faixa de Gaza, violando o acordo de cessar-fogo.
A manifestação foi organizada por movimentos pró-Palestina, com apoio da CGTP-IN, a maior central sindical do país, e do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).
António Filipe, deputado pelo Partido Comunista Português (PCP), destacou a solidariedade dos comunistas com o povo palestino e a defesa pelo reconhecimento do Estado da Palestina. A Opera Mundi, o parlamentar disse que o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o seu governo de extrema direita estão apenas interessados em manter a sobrevivência política.
“É evidente que Netanyahu não tem interesse na libertação dos reféns. Se tivesse, teria adotado uma postura completamente diferente. A escalada da violência, que já causou a morte de milhares de mulheres e crianças palestinas, assim como dos próprios reféns na Faixa de Gaza, demonstra que o objetivo é mais incendiar o Oriente Médio do que encontrar uma solução pacífica”, explicou.
Essa também é a opinião dos representantes da CGTP-IN. Tanto Isabel Camarinha, primeira mulher secretária-geral da organização, quanto Dinis Lourenço, membro do Conselho Nacional e do Departamento Internacional, a manifestação desta terça é uma demonstração de força e apoio dos portugueses ao povo palestino, além da defesa da própria Constituição portuguesa que reconhece a autodeterminação dos povos.

“Consideramos essa quebra do cessar-fogo uma afronta a todos os trabalhadores do mundo e uma prova da política genocida de Israel na região, com o respaldo dos Estados Unidos, da União Europeia e da OTAN. Por isso, exigimos que o governo português reconheça o Estado da Palestina como soberano, independente e livre, tomando medidas para um cessar-fogo imediato e efetivo, o que não vem ocorrendo”, afirmou Dinis.
“Israel quer destruir os palestinos”
A Euro-Med Human Rights Monitor, uma organização de direitos humanos sediada em Genebra, revelou que, desde 19 de janeiro, data que marcou o início do cessar-fogo em Gaza, Israel matou 150 palestinos, uma média de três mortos por dia. Na Cisjordânia ocupada, mais de 40 mil palestinos foram expulsos de suas residências e mais de 700 foram mortos.
Desde a violação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, movimentos pró-Palestina têm se manifestado ao redor do mundo, incluindo Jerusalém. Na terça-feira (18/03), diversos atos foram registrados nas cidades de Manchester, Varsóvia, Paris, Tóquio, Estocolmo, Copenhague, Londres, Seul, Berlim e nos campos de refugiados palestinos no Líbano.
Julie Neves, dirigente da CPPC, disse a Opera Mundi sobre a importância do ato desta quarta, em conjunto com o Projeto Ruído e o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). Segundo a ativista, essas iniciativas são essenciais para desconstruir o plano sionista que vem sendo praticado há mais de sete décadas. “Eles não querem a destruição do Hamas, mas sim do povo palestino”, afirmou.

Solidariedade aos palestinos
Sarah Jornsay-Silverberg, judia e natural de Nova York, esteve no ato e disse à reportagem suas impressões diante desse novo ataque, apontando que o Netanyahu vai aproveitar qualquer oportunidade para tomar Gaza e prosseguir com o processo de limpeza étnica na região.
Vivendo em Lisboa há dois anos, ela acredita que defender o povo palestino é uma obrigação moral de todos os judeus. “Aquela terra não pertence aos israelenses, mas ao povo palestino e ao povo da Cisjordânia ocupada. Nós, judeus, sabemos o que é ser silenciado em um momento de extrema violência, e isso é muito grave”, declarou.
Questionada sobre a possibilidade de um acordo de paz definitivo após a eleição de Donald Trump, Sarah mencionou que a administração de Joe Biden não foi menos problemática e que apenas a pressão popular poderá reverter essa situação.
“A verdade é que nenhum presidente dos Estados Unidos tem interesse em deixar de apoiar Israel, independentemente de ser republicano ou democrata. De certa forma, a situação se tornou mais difícil, pois agora não temos mais uma democracia, e o Congresso não terá a oportunidade de interromper o apoio ao governo israelense”.

Para Manuela Ferrer, membro do grupo de dança Handala Portugal, a força das artes e da cultura palestina na luta e resistência servem, segundo ela, de exemplo para todos os povos oprimidos. Durante várias iniciativas, Manuela tem apresentado e explicado sobre a Dabke, uma dança que pertence aos povos originários da região do Levante, onde eram construídas as habitações dos palestinos.
“Eles moldavam barro dos telhados de suas casas em conjunto, sempre de mãos dadas e ombros ligados. A conexão entre as pessoas é imensa. Queremos mostrar que uma tradição, que também se origina da colheita das azeitonas, evoluiu para uma dança que narra como os palestinos se uniram para expulsar o invasor e o colonizador”, finalizou.
