O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, orientou autoridades de seu partido, na segunda-feira (11/11), a se preparar para a anexação da Cisjordânia ocupada após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. As informações são do Middle East Eye.
Durante uma reunião do Partido Sionista Religioso, Smotrich declarou que o resultado das eleições nos EUA representava uma “oportunidade importante” e que “chegou a hora de aplicar a soberania” sobre a Cisjordânia.
Em uma declaração de seu gabinete, o ministro afirmou que havia instruído as autoridades israelenses responsáveis pelos assentamentos na Cisjordânia a “iniciar um trabalho profissional e abrangente da equipe para preparar a infraestrutura necessária” para a anexação do território.
Além de ministro das Finanças, Smotrich também atua no Ministério da Defesa, supervisionando os assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Ao lado de outros políticos de extrema direita em Israel, ele celebrou a vitória de Trump, esperando que isso permita a anexação formal do território palestino ocupado desde 1967.
Israel já havia anexado Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã em ações unilaterais que não receberam apoio internacional, mas foram reconhecidas pelos Estados Unidos durante o governo Trump. Smotrich destacou, na reunião de segunda-feira, que pretende pressionar para que o novo governo Trump reconheça a anexação completa da Cisjordânia.
Durante o primeiro mandato do republicano (2017-2021), Israel estava preparado para anexar a Área C, da Cisjordânia, sob controle militar israelense, mas o plano foi interrompido por pressão internacional e pela falta de apoio total de Washington.
Smotrich defende uma política de expansão territorial e, no mês passado, declarou que Israel deve se expandir “pouco a pouco” até alcançar Damasco.
“Está escrito que o futuro de Jerusalém é expandir-se até Damasco”, disse ele em uma entrevista para o documentário In Israel: Ministers of Chaos, citando a ideologia do “Grande Israel”, que prevê a expansão do país pela região.
Ministério da Defesa não planeja enviar assistência ao norte de Gaza
Também na segunda-feira, o Ministério da Defesa de Israel disse ao Middle East Eye que não há planos de envio de ajuda ao norte de Gaza neste momento.
A declaração ocorre em meio a críticas crescentes contra Israel pelo bloqueio que já dura semanas no enclave palestino, resultando na morte de centenas de pessoas e privando centenas de milhares de habitantes de acesso a alimentos, água e suprimentos médicos.
Um porta-voz do Ministério da Defesa atribuiu a falta de planejamento para a entrega de ajuda à ausência de “diretrizes da liderança política”.
Ele disse: “Como nenhuma diretriz foi recebida da liderança política sobre esse assunto, atualmente não há processos de planejamento, procedimentos de licitação ou quaisquer compromissos em andamento.
“A instituição de defesa continuará a atuar exclusivamente de acordo com as diretrizes do governo e em conformidade com o direito internacional”, afirmou o porta-voz.
A declaração foi feita em resposta a uma proposta de uma empresa de logística norte-americana, que sugeriu a criação de um centro de distribuição de ajuda e um “condomínio fechado” em Beit Hanoun, no norte de Gaza.
Grupos de direitos humanos e organizações humanitárias têm criticado Israel, acusando-o de promover uma campanha de limpeza étnica. A operação, conhecida como “Plano dos Generais”, teve início após a ordem, no mês passado, para que cerca de 400 mil residentes do norte de Gaza se deslocassem para o sul.