As negociações para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam enfrentando obstáculos. A busca por uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação de reféns foi retomada neste domingo (25/08) no Cairo, na tentativa de chegar a um cessar-fogo temporário de 72 horas até conseguir encerrar o conflito.
Embora os Estados Unidos tenham expressado na última semana otimismo em relação à obtenção de um acordo com Tel Aviv, os detalhes não foram divulgados, e a realidade no terreno indica que Israel está longe de atender às exigências mínimas para encerrar o conflito.
O principal ponto de divergência continua sendo a exigência de Israel em manter uma presença militar no Corredor Philadelphi, uma faixa de terra que separa Gaza do Egito. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, insiste que as tropas israelenses devem permanecer no local para impedir um suposto envio de armas para o grupo palestino.
Enquanto isso, Gaza reitera sua demanda pelo total afastamento das tropas israelenses, incluindo a retirada do corredor. Segundo o Hamas, a insistência de Netanyahu em manter as forças no local e em outros pontos da Faixa de Gaza contradiz a proposta de cessar-fogo apoiada pelos Estados Unidos em maio.
Neste domingo, negociadores do Hamas afirmaram que a delegação focará em duas demandas principais: o cessar-fogo e a troca de prisioneiros. No entanto, o conselheiro de mídia do líder político do grupo, Taher El-Nounou, expressou ceticismo, afirmando que, embora participem das negociações, “não esperamos avanços significativos, pois o outro lado é criminoso e violará suas obrigações.”
Apesar dos esforços diplomáticos internacionais, com Catar, Egito e os Estados Unidos oferecendo a “proposta ponte” para tentar resolver o impasse, a situação no terreno permanece tensa, com Netanyahu exigindo a presença constante das Forças de Defesa de Israel (FDI) no território palestino.
Tensão entre Israel e Líbano
A nova rodada de negociação acontece no momento em que as Forças de Defesa de Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah trocaram ataques, elevando a tensão de um conflito regional no Oriente Médio.
Mais cedo, inclusive, o Egito disse acompanhar “com grande preocupação a atual escalada na frente libanesa-israelense e apelou à necessidade de esforços a nível internacional e regional para reduzir as tensões e a instabilidade na região”.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores egípcio destacou que também é preciso “trabalhar para restaurar a calma e conter a própria escalada”. “No contexto da crise em desenvolvimento na Faixa de Gaza e dos ataques israelenses contra o povo palestino na própria Faixa, uma escalada na área é irresponsável”, acrescentou.
Por fim, o Egito reiterou “a inevitabilidade de um cessar-fogo global e do fim da guerra em curso na Faixa de Gaza, para evitar que a região sofra novos fatores de instabilidade, conflitos e ameaças à paz e segurança internacionais”.
(*) Com Ansa e Brasil 247.