Atualizada em 16 de agosto, às 13h30.
A rodada de negociações em Doha, no Catar, para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns israelenses terminou sem um acordo, nesta sexta-feira (16/08).
As tratativas haviam começado na última quinta-feira (15/08) e não chegaram a um ponto em comum entre Israel e o grupo palestino Hamas. No entanto, os mediadores – Catar, Egito e Estados Unidos – declararam que continuarão trabalhando nos detalhes da proposta nos próximos dias.
As negociações não tiveram a presença de integrantes do Hamas, que foram representados pelo Catar e Egito, e giraram em torno de um plano apresentado por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, um dos maiores aliados de Israel.
A proposta seria implementada em três fases e previa cessar-fogo total, a libertação de reféns israelenses e a soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel, bem como a retirada das tropas invasoras de Gaza e investimentos para a reconstrução do enclave, onde mais de 40 mil pessoas já morreram desde o início da guerra.
As principais divergências, segundo a imprensa israelense, dizem respeito ao controle dos corredores Filadélfia, entre Gaza e Egito, e Netzarim, que atravessa o centro do enclave a partir da divisa com Israel até o Mar Mediterrâneo.
Em comunicado conjunto, os três países mediadores afirmam que seguirão trabalhando na proposta nos próximos dias e que delegações de alto nível voltarão a se reunir na próxima semana para tentar avançar no acordo.
Catar, Egito e EUA ainda disseram que as negociações em Doha foram “sérias e construtivas” e ocorreram sob uma “atmosfera positiva”, mas os países alertaram que “não há mais tempo a perder, nem desculpas de nenhuma parte para novos atrasos”.
“É hora de libertar os reféns e prisioneiros, iniciar o cessar-fogo e implantar esse acordo”, acrescentaram no documento.
Antes da finalização das conversas, os envolvidos consideraram que as negociações ocorriam em uma clima “positivo”, em especial as autoridades norte-americanas ao afirmar que apenas restavam “lacunas a serem preenchidas com respeito à implementação” do que seria um acordo.
No entanto, o porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, ao jornal catari Al Jazeera, já havia apontado que o grupo palestino não tinha “motivos para acreditar que Israel estivesse enviando sinais positivos”.
“Os mediadores ainda estão falando sobre preencher as lacunas, mas está claro que o lado israelense está adicionando mais condições, falando sobre novas questões”, destacou Hamdan ao jornal antes do fim das tratativas.
Após a emissão do documento conjunto entre os mediadores anunciando o encerramento das conversas, um dirigente do Hamas afirmou ao site Ynet que as tratativas de Doha “não correspondem ao que foi concordado em 2 de julho”, que se baseia na resolução 2735 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em junho e que pede um cessar-fogo imediato e a libertação dos reféns, além de rejeitar mudanças territoriais em Gaza e reafirmar o compromisso com a solução dos dois Estados.
Ademais, é esperado que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegue a Israel no próximo domingo (18/08) para se reunir no dia seguinte com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e discutir o acordo.
Enquanto isso, o mundo aguarda a reação do Irã, que resolveu esperar as negociações para decidir como responderá ao assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, pela inteligência israelense em Teerã, em 31 de julho.
Já a Organização das Nações Unidas (ONU) defende uma pausa humanitária de ao menos sete dias, entre agosto e setembro, para implementar uma campanha de vacinação contra a poliomielite nas crianças de Gaza.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) administraria a aplicação das vacinas em unidas de saúde e clínicas móveis.
“Pausas humanitárias são vitais para que as vacinas que salvam vidas cheguem a todas as crianças necessitadas. Solicitamos que todas as partes implementem pausas humanitárias por sete dias durante cada rodada da campanha”, instou o diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a doença cujo vírus pode causar paralisia dos membros inferiores.
Já o Exército israelense prossegue com sua ofensiva em Gaza, e lançou panfletos ordenando a evacuação imediata de regiões anteriormente classificadas como “zonas seguras” no sul da Faixa de Gaza. Al-Mawasi, uma dessas localidades, foi alvo de um ataque que matou dois palestinos nesta sexta-feira.
(*) Com Ansa