Os bombardeios israelenses continuam na Faixa de Gaza, enquanto o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, viaja aos Estados Unidos para tratar, entre outros assuntos, dos atrasos na entrega de armas norte-americanas ao país. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou neste domingo (23/06) que a “divergência” entre Tel Aviv e Washington a respeito das armas “será resolvida em um futuro próximo”.
“Há cerca de quatro meses, houve uma queda considerável nas entregas de armas dos Estados Unidos para Israel. Recebemos todos os tipos de explicações, mas a situação não mudou”, ressaltou Netanyahu. “À luz do que ouvi nos últimos dias, espero e acredito que esta questão será resolvida num futuro próximo”, afirmou, durante reunião com ministros do seu governo.
Enquanto a relação entre Netanyahu e a Casa Branca vive um novo episódio de tensão, Yoav Gallant partiu para Washington para, segundo ele, “discutir os acontecimentos em Gaza e no Líbano”. A frente norte de Israel, juntamente com o Líbano, tem sido palco de uma escalada de fogo entre o exército israelense e o grupo armado Hezbollah, um aliado do Hamas. A retórica beligerante dos dois lados tem aumentado o receio de uma guerra em grande escala.
“Nossos laços com os Estados Unidos são mais importantes do que nunca. Nossas discussões com autoridades norte-americanas são cruciais para [a continuação da] guerra”, disse Gallant, em um comunicado.
Maior manifestação em Tel Aviv desde o início da guerra
No plano interno, a pressão aumenta em Israel, onde dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se no sábado (22/06) à noite para denunciar a condução da guerra pelo primeiro-ministro e pedir a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza. No total, 116 reféns ainda estão em poder do Hamas, 41 dos quais morreram, segundo o exército de Israel.
Em Tel Aviv, mais de 150 mil pessoas, segundo os organizadores, gritavam slogans contra o governo de Netanyahu, exigindo eleições antecipadas. Foi a maior mobilização popular desde o início do conflito.
“A única maneira de conseguir mudanças aqui é derrubar este governo, expulsar os extremistas”, disse Maya Fischer, uma manifestante de 36 anos. “É hora de acabar com a guerra, trazer de volta os reféns e salvar vidas, tanto do lado israelense quanto do palestino.”
As negociações para um cessar-fogo estagnaram e Netanyahu diz que continuará a ofensiva até à destruição do Hamas, que considera um grupo terrorista. O premiê afirma que Israel está envolvido numa “guerra pela sua existência”.
Bombardeios em Gaza
Segundo testemunhas, os bombardeios mais recentes atingiram novamente o leste, o oeste e o centro da cidade de Rafah, no sul de Gaza. Os ataques aéreos ocorreram na cidade de Gaza (norte) e tanques bombardearam o campo de Nousseirat (centro).
Aviões de combate realizaram ataques no sábado contra “dezenas de alvos terroristas na Faixa de Gaza, incluindo estruturas e infraestruturas militares”, relatou o exército israelense, citando “operações direcionadas” em Rafah. “Os terroristas foram eliminados em combate corpo a corpo e por disparos de franco-atiradores e drones” no centro de Gaza.
A guerra foi desencadeada por um ataque do movimento palestino Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, durante o qual 1.194 pessoas morreram e 251 foram sequestradas e levadas para a vizinha Faixa de Gaza.
Israel prometeu destruir o Hamas, que tomou o poder em Gaza em 2007 e lançou uma grande ofensiva contra o território palestino, sitiado desde 9 de outubro pelo exército israelense. As operações militares no enclave deixaram até agora 37.598 mortos, a maioria civis, conforme o último balanço do Ministério da Saúde do Hamas.
A ONU afirma que a ofensiva israelense causou um desastre humanitário com ameaça de fome. Mais de um milhão de pessoas estão constantemente em movimento na esperança de encontrar um lugar seguro na Faixa de Gaza e “nenhum lugar é seguro”, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).