Netanyahu ignora pressão internacional e diz que ‘há uma data’ para invadir Rafah
Premiê israelense reitera que busca 'alcançar vitória completa sobre Hamas'; segundo os EUA, Israel não informou Biden sobre planos operacionais no sul de Gaza
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira (08/04) que já “há uma data” definida para uma invasão a Rafah, a cidade localizada no sul da Faixa de Gaza e que é considerada como o último abrigo humanitário para os palestinos que foram deslocados ao longo da guerra.
Ao informar o recebimento de um “relatório detalhado” do Cairo, no Egito, sobre as discussões envolvendo um possível acordo de cessar-fogo no enclave, o premiê reiterou que um de seus principais objetivos é “alcançar uma vitória completa sobre o Hamas”.
“Essa vitória exige a entrada em Rafah e a eliminação dos batalhões terroristas que estão lá. Isso vai acontecer. Há uma data”, declarou Netanyahu, sem fornecer mais detalhes.
A postura da autoridade israelense em querer invadir Rafah segue firme, embora nessas últimas semanas a comunidade internacional tenha pressionado Israel a não invadir o território. A incursão ao sul do enclave foi, inclusive, um dos tópicos que tem causado divergência com os Estados Unidos, principal nação aliada.
A declaração de Netanyahu causou uma reação ao país norte-americano, liderado por Joe Biden. Segundo o jornal The Times of Israel, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que Israel não informou a Casa Branca sobre a data em que planeja lançar uma ofensiva à cidade de Rafah.
O representante ainda reforçou que Washington se opõe a possíveis operações das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) no território, argumentando que Israel pode alcançar seus objetivos de guerra por outros meios.

Apesar do apelo internacional, premiê israelense Benjamin Netanyahu reitera invasão a Rafah, no sul de Gaza: ‘há uma data’
Divergências entre Israel e EUA
Em meados de março, durante uma conversa telefônica, Netanyahu e Biden entraram em um acordo para que Israel enviasse a Washington uma equipe composta de oficiais militares, além de funcionários de inteligência e trabalhadores humanitários, com o objetivo de “ouvir as preocupações” dos Estados Unidos envolvendo os planos operacionais direcionados a Rafah.
No entanto, essa viagem foi cancelada de última hora. Isso porque dias depois, os Estados Unidos se abstiveram na votação de uma resolução no Conselho da ONU que apelava por um cessar-fogo imediato em Gaza, durante o período do Ramadã.
A decisão norte-americana, que tem poder de veto, permitiu com que o texto fosse aprovado, o que irritou as autoridades de Tel Aviv – embora posteriormente as medidas da resolução não tenham sido aplicadas por Israel, que continuou atacando o território palestino.
Já na quinta-feira passada (04/04), Biden voltou a telefonar a Netanyahu. Em um diálogo “tenso”, o mandatário norte-americano pressionou por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, classificando a medida como essencial para “estabilizar e melhorar a situação humanitária“, garantindo a proteção dos civis e trabalhadores humanitários na região.
A tensão entre as autoridades cresceu com a morte de sete funcionários da organização não governamental World Central Kitchen (WCK), episódio no qual um ataque aéreo de autoria israelense atingiu um dos comboios do grupo de assistência humanitária.
“A política dos Estados Unidos em relação a Gaza será determinada pela nossa avaliação da ação imediata de Israel nestas medidas”, informou o comunicado divulgado pela Casa Branca, após a conversa entre as autoridades.
