Netanyahu recua após pressão e afirma estar comprometido com acordo de cessar-fogo
Premiê israelense havia rejeitado proposta, o que irritou famílias que têm reféns ainda detidos em Gaza
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (24/06) que está “comprometido com a proposta [de cessar-fogo] israelense acolhida pelo presidente [dos EUA] Biden”, alegando que a posição de Tel Aviv “não mudou”.
De acordo com o jornal The Times of Israel, a declaração dada no Knesset ocorreu um dia após o próprio premiê ter concedido uma entrevista à emissora local Keshet 14, durante a qual manifestou que só estaria disposto a concordar com um acordo “parcial” que não sugerisse o fim da guerra, nem um cessar-fogo permanente.
“Estou disposto a fazer um acordo parcial, que trará algumas das pessoas de volta para nós. Mas estamos comprometidos em continuar a guerra após uma pausa para completar o objetivo de eliminar o Hamas. Não estou disposto a desistir disso”, disse Netanyahu, no domingo (23/06), “irritando as famílias dos reféns israelenses, que o acusaram de não honrar um elemento-chave do plano: a retirada militar total de Israel”, conforme relatou o jornal norte-americano The Washington Post.
Os comentários do premiê na entrevista apresentaram contraste com a proposta delineada e anunciada, no fim de maio, pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que enquadrou o plano como israelense. O acordo dividido em três etapas prevê a libertação de reféns na primeira etapa e um possível cessar-fogo permanente mais tarde.
Na noite de domingo, o grupo palestino emitiu um comunicado reafirmando sua insistência de que qualquer acordo precisaria incluir um cessar-fogo permanente e a retirada integral da ocupação israelense na Faixa de Gaza. Classificou como “uma necessidade inevitável para bloquear as tentativas de evasão, engano e perpetuação da agressão e da guerra de extermínio contra nosso povo”.

Em diversos momentos, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, negou a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos
Em diversos momentos, Netanyahu rechaçou proposta
Em 3 de junho, poucos dias após Biden ter apresentado o plano e enquadrando-o como um documento israelense, Benjamin Netanyahu insistiu que “haviam lacunas entre a proposta e a posição de Israel”, acrescentando que “a alegação de que concordamos com um cessar-fogo sem que nossas condições fossem cumpridas é incorreta”.
Na ocasião, a autoridade israelense reforçou que não terminaria a guerra antes que alcançasse seus “três objetivos”, que consistem na destruição das capacidades de governança militar e civil do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia que Gaza não represente mais uma “ameaça” para Israel.
O premiê também está cedido à pressão interna de seu gabinete, principalmente por dois de seus ministros de extrema direita – das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir – que já ameaçaram deixar o cargo em caso de formalização do acordo antes da “eliminação do Hamas”.
