O deputado sul-africano Nkosi Zwelivelile Mandela, também conhecido como Mandla Mandela, neto do falecido ex-presidente é líder da luta antiapartheid Nelson Mandela, difundiu neste sábado (01/06) uma carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional (COI), na qual ele pede que a entidade expulse a delegação de Israel dos Jogos Olímpicos de 2024, que serão realizados entre julho e agosto, na cidade francesa de Paris.
Em sua mensagem, Mandla usa o termo “Israel do apartheid” para enfatizar o pedido, e afirma que “os Jogos Olímpicos representam o maior encontro da comunidade das nações e a expressão máxima dos valores comuns que nos unem como uma família”, e que o massacre que o exército israelense promove na Faixa de Gaza, com mais de 36 mil civis palestinos mortos, violam esse princípio.
“Não há lugar para o apartheid israelense nos Jogos Olímpicos enquanto se recusar a aderir ao acórdão da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que exige um cessar-fogo imediato e um fluxo livre de ajuda humanitária”.
O pedido de Mandla se baseia no banimento da África do Sul dos Jogos Olímpicos, que ocorreu a partir do evento realizado em Tóquio, no ano de 1964. Segundo o parlamentar sul-africano, aquela medida foi decisiva para o enfraquecimento do regime racista que vigorava em seu país à época.
Em outro trecho da carta, o deputado pede a “todos os Estados membros, que se recusem a competir em qualquer prova em que o apartheid de Israel esteja representado” – ou seja, que os atletas se recusem a disputar provas nas quais competidores israelenses estejam participando.
Outro argumento da carta diz respeito à proibição imposta pelo mesmo COI aos atletas russos que participarão dos Jogos de Paris, mas que deverão fazê-lo como “independentes” e não como representantes da Rússia.
“Não pode haver qualquer justificação para a hipocrisia do COI em proibir a Rússia de participar nos Jogos Olímpicos devido à destruição de algumas cidades e vilarejos. O apartheid israelense fez coisas infinitamente piores e a uma escala inimaginável. Limpou etnicamente nada menos do que 531 localidades, massacrou os seus habitantes, roubou suas terras, colheitas e rebanhos, deslocou nada menos que 750 mil pessoas entre 1947 e 1948, e segue com seu objetivo, graças ao apoio total que recebe dos seus aliados imperialistas ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha”, denuncia Mandla.
A mensagem termina com um pedido aos países da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), aos membros do BRICS+ e do Sul Global, “para que se juntem a esta campanha e levem esta resolução aos corredores dos seus parlamentos, ministérios de esportes e comitês olímpicos”.
“Exigimos que o COI expulse o Israel do apartheid dos Jogos Olímpicos de Paris e o trate como o Estado pária que é”, conclui a carta.