No terceiro dia da maior operação militar em uma década deflagrada na Cisjordânia ocupada, o Exército de Israel anunciou ter matado nesta sexta-feira (30/08) o chefe do Hamas em Jenin, Wassem Hazem, além de outros dois membros do grupo palestino, em ataque de drones direcionado à área norte da região de Samaria.
“Hazem estava envolvido na execução e no gerenciamento de atentados com armas de fogo e bombas, além de desenvolver continuamente atividades terroristas na região da Judeia e da Samaria”, alegaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), em nota conjunta com a agência de segurança e a polícia israelenses.
🔴 Wassem Hazem, the head of Hamas in Jenin, was eliminated during a counterterrorism operation in the northern Samaria area. He was identified alongside a terrorist cell in a vehicle in the area.
Hazem was involved in carrying out and directing shooting and bombing attacks,… pic.twitter.com/TioV7BkZhS
— Israel Defense Forces (@IDF) August 30, 2024
Ainda de acordo com o comunicado, “no veículo dos terroristas foram encontrados fuzis M16, um revólver, cartuchos, explosivos, granadas de gás e milhares de shekels [moeda israelense]”.
As recentes operações israelenses na Cisjordânia ocupada arriscam agravar o conflito no Oriente Médio, sendo a iniciativa definida como “violação do direito internacional” pela Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com a relatora especial da ONU sobre os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, são inválidas as alegações de Tel Aviv de que seus ataques na região estão resguardados pela lei da “legítima defesa”.
Em comunicado, a representante lembrou que há 20 anos, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o mais alto tribunal das Nações Unidas, determinou que Israel “não poderia invocar legítima defesa sob o artigo 51 da Carta da ONU para justificar seu Muro no território palestino ocupado”.
“Em julho passado, o tribunal definiu que a própria presença de Israel no território palestino ocupado é, em si, ilegal”, explicou Albanese. “A perversão de Israel da lei de legítima defesa deve ser reconhecida pelo que é: uma tentativa descarada de fornecer um imprimatur (autorização) de ‘legalidade’ à manutenção de sua agressão ilegal contra a integridade territorial e a independência política do Estado da Palestina”.
Turquia apela por pressão global contra Israel
Nesta sexta-feira, durante uma coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, denunciou que Israel vem promovendo “ocupação, opressão, crueldade e massacre” em todo território palestino, e fez um apelo à comunidade internacional para que faça uso de mecanismos de pressão diplomática e impeça Israel de seguir cometendo crimes na região.
“Israel não está apenas cometendo genocídio em Gaza, mas agora está estendendo essa guerra à Cisjordânia, ao Líbano e potencialmente a outras nações que considera inimigas que não podemos conhecer ou prever”, disse.
O chanceler turco também acusou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de “continuar brincando com fogo”.
“Está pondo em perigo o futuro de toda a região para manter a sua posição. Todos os que permanecem em silêncio sobre a questão de Gaza, especialmente aqueles que apoiam Israel incondicionalmente, estão sob um fardo. A barbárie de Israel deve finalmente chegar ao fim”, declarou.