A nova rodada de negociações para a obtenção de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, neste domingo (25/08), terminou mais uma vez sem acordo. As discussões indiretas entre Israel e o movimento Hamas foram concluídas no Cairo, no Egito, após quatro dias, sem consenso nas propostas apresentadas pelos mediadores. A guerra em Gaza completará 11 meses em 7 de setembro.
Durante uma viagem a Halifax, no Canadá, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que os Estados Unidos “continuarão a trabalhar” com Israel e os mediadores do Catar, do Egito e de Israel, para obter uma pausa nos combates no enclave palestino e a libertação dos reféns.
Uma das principais divergências é a presença militar de Israel no território chamado pelas forças israelenses de “Corredor Filadélfia”, uma zona tampão de 14,5 km de extensão situada entre o sul da Faixa de Gaza e o Egito.
De acordo com fontes egípcias, os mediadores propuseram uma série de alternativas à presença dos soldados israelenses no “Corredor Filadélfia” e no corredor de Netzarim, que separa o norte e o sul da Faixa de Gaza. Mas as propostas foram recusadas por Israel e pelo Hamas.
O movimento criticou Israel por voltar atrás em sua promessa de retirada das tropas do “Corredor Filadélfia”, controlada pelas forças israelenses desde maio, como parte da ofensiva em Gaza. Israel também não concordou com a libertação de vários prisioneiros palestinos e exige que eles vivam fora dos territórios de Gaza.
O Hamas também discorda das novas condições estabelecidas por Israel para fechar um acordo. Entre elas, o controle de civis que retornam ao norte da Faixa de Gaza. “Não concordaremos em discutir mudanças apresentadas após as negociações de 2 de julho ou novas condições”, disse o representante do Hamas, Ossama Hamdan, ao canal de televisão do grupo, neste domingo.
Em julho, uma fonte do Hamas disse à agência Reuters que o grupo palestino havia aceitado uma proposta de Washington para começar a discutir a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza, incluindo homens e soldados, após uma fase inicial de uma trégua no enclave.
Israel neutraliza ataque do Hezbollah
Na manhã deste domingo, Israel lançou vários ataques aéreos no Líbano. Segundo as forças israelenses, essa seria uma resposta a um ataque do Hezbollah, que disparou centenas de drones e foguetes para vingar a morte de um de seus líderes.
Israel lançou cerca de 100 aeronaves, atingindo milhares de lançadores de foguetes voltados para o norte de Israel em 40 zonas de tiro no sul do Líbano. Segundo o porta-voz do Exército, Daniel Hagari, “mais de 270 alvos” foram atingidos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel ainda não havia dito sua “última palavra” com os bombardeios de ontem à noite. Já o Hezbollah afirmou que o ataque foi um “sucesso” e disse que era apenas a “primeira fase” da resposta à morte de Fouad Shukr, um dos responsáveis do grupo.
O líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, negou que Israel tivesse destruído “milhares de lançadores de foguetes” e interceptado “milhares de foguetes”.
O movimento, que é politicamente influente no Líbano, disse que disparou “um grande número de drones” contra o território israelense e “mais de 320” foguetes Katiusha contra 11 bases militares em Israel e nas Colinas de Golã sírias ocupadas por Israel.
Nasrallah disse que o principal alvo da operação foi “a base de Glilot, a base de inteligência militar israelense” a “110 km da fronteira” com o Líbano. Israel afirmou que essa base “não foi atingida”.
De acordo com o Exército israelense, o Hezbollah disparou “mais de 150 projéteis”. Horas depois, o braço armado do Hamas reivindicou a responsabilidade pelo disparo de um foguete contra Tel Aviv que, de acordo com os comandantes militares israelenses, caiu em uma área desabitada.