O número de mortos pelas explosões de dispositivos eletrônicos no Líbano, atribuídos a Israel, aumentou para 37, informou o ministro da Saúde do país, Firass Abiad, nesta quinta-feira (19/09).
O balanço considera as 12 vítimas do incidente com os pagers usados por membros do grupo Hezbollah na última terça (17/09) e o mais recente ataque ao walkie-talkies na quarta (18/09), que deixou 25 mortos.
A pasta ainda declarou que 2.323 pessoas foram internadas, sendo 226 em estado crítico, após o primeiro ataque. A segunda investida deixou 708 feridos, sendo 61 necessitados de atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hezbollah não chegou a responder a mais recente investida israelense no território libanês. Contudo, durante o funeral de membros do grupo, vítimas do ataque aos pagers, o chefe do Conselho Executivo, Hashem Safi al-Din, prometeu uma retaliação contra Tel Aviv. Está previsto ainda um discurso do líder da organização, Hassan Nasrallah, para a tarde da próxima quinta-feira (19/09).
“Se o seu objetivo é parar a batalha de apoio [ao aliado Hamas e à causa palestina] esteja ciente de que esta batalha aumentará em força, determinação e progresso”, instou Safi al-Din.
Correspondentes do jornal catari Al Jazeera em Beirute relatam confiança dos cidadãos libaneses no Hezbollah para lidar com a agressão israelense, enquanto lidam com o medo de carregar dispositivos eletrônicos consigo. Segundo a TV local Al-Mayadeen, as explosões de quarta-feira envolveram, além dos walkie-talkies, sistemas ligados a painéis solares e leitores de impressões digitais.
“Não sou uma apoiadora do Hezbollah, mas vou assistir ao discurso”, disse a estudante Sara Berjawi. O Hezbollah “é o único que está cuidando da situação”, declarou à imprensa.
De acordo com a agência britânica Reuters, citando uma fonte de segurança, os rádios portáteis foram adquiridos pelo grupo libanês há cinco meses, juntamente com os pagers explodidos na terça.
Desta forma, o exército libanês determinou a “detonação de pagers e dispositivos de comunicação suspeitos em várias regiões”. As forças também instaram que os cidadãos denunciem “qualquer dispositivo ou objeto suspeito”.
Na esteira das explosões, Israel manteve ataques aéreos contra o Líbano. As Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) disse ter atingido seis “locais de infraestrutura terrorista” (Chihine, Tayibe, Blida, Meiss El Jabal, Aitaroun e Kfarkela) do Hezbollah, além de uma instalação de armazenamento de armas no sul do país, segundo a Al Jazeera.
Origem das explosões
Segundo o website norte-americano Axios, as armadilhas foram plantadas em walkie-talkies usados na comunicação dos membros do Hezbollah pelo serviço de inteligência israelense, Mossad.
Quanto aos pagers, também à Reuters, uma fonte da segurança libanesa indicou o envolvimento do Mossad, também no primeiro incidente. De acordo com a fonte, o serviço de inteligência teria instalado explosivos dentro de 5.000 pagers importados pelo Hezbollah da fabricante Gold Apollo, de Taiwan, meses antes das explosões. Os aparelhos teriam recebido uma pequena carga de explosivos entre 20 e 50 gramas, além de um minúsculo dispositivo de detonação remoto.
Por sua vez, a Gold Apollo afirmou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste, capital da Hungria, sendo produzidos pela BAC Consulting KFT.
(*) Com Ansa e RT