A campanha de reforço da vacinação contra a poliomielite terminou na Faixa de Gaza, apesar dos contínuos ataques do exército israelense, anunciaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, na quarta-feira (06/11).
“O recall da campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza terminou ontem (terça-feira), com um total de 556.774 crianças com menos de dez anos de idade tendo recebido uma segunda dose da vacina contra a poliomielite”, disse a OMS em um comunicado conjunto.
Para a agência da ONU, esse é um “resultado notável, dadas as circunstâncias extremamente difíceis”, com milhares de crianças em “áreas inacessíveis” no norte da Faixa de Gaza, onde o exército israelense lançou uma grande ofensiva há um mês.
Entre 7 mil e 10 mil crianças permanecem “vulneráveis ao vírus da pólio” nessa área.
A campanha foi um “sucesso”, de acordo com uma declaração emitida na quarta-feira pelo órgão israelense que supervisiona os assuntos civis nos Territórios Palestinos Ocupados (Cogat).
A vacinação foi administrada principalmente por agências das Nações Unidas, especialmente a OMS, o Unicef e a Agência de Refugiados da Palestina (Unrwa), que continua sendo o “principal fornecedor de cuidados primários de saúde na Faixa de Gaza”, de acordo com Louise Wateridge, chefe de operações de emergência da Unrwa.
A campanha de vacinação em Gaza foi lançada em 1º de setembro, depois que o primeiro caso de pólio foi confirmado no território palestino.
Temor da poliomelite no enclave palestino
A pólio reapareceu no local pela primeira vez em mais de 20 anos, em um cenário de desastre humanitário.
O sistema de esgoto foi em grande parte destruído e as águas residuais ficam estagnadas ao ar livre, muitas vezes nas imediações de centros populacionais densos, o que favorece o desenvolvimento dessa doença altamente contagiosa, que pode causar paralisia.
A OMS anunciou no sábado (02/11) que um centro de vacinação havia sido “atingido” no norte da Faixa de Gaza, ferindo várias pessoas, sem dar detalhes. Um membro da Defesa Civil de Gaza disse à AFP que os destroços de um míssil disparado por um drone israelense atingiram a parede do centro de saúde, localizado a oeste da Cidade de Gaza.
O exército israelense negou ter disparado contra o centro de vacinação.
Em vista das necessidades urgentes e enquanto se aguarda um “cessar-fogo”, as agências da ONU enfatizaram que os intervalos humanitários “devem ser sistematicamente usados, além dos esforços de resposta emergencial à pólio”.