Um comitê especial da Organização das Nações Unidas (ONU) constatou nesta quinta-feira (14/11) que os métodos de guerra utilizados por Israel na Faixa de Gaza “reúnem as características de um genocídio”.
Os membros da comissão, integrada por representantes do Sri Lanka, Malásia e Senegal, investigaram as ações do país no território palestino, e então destacaram as “massivas vítimas civis” e as “condições impostas” à população local.
“Através do cerco a Gaza, da obstrução da ajuda humanitária, dos ataques seletivos e dos assassinatos de civis e de trabalhadores humanitários, Israel provoca intencionalmente a morte, a fome e causa ferimentos graves. A fome é utilizada como método de guerra e inflige castigos coletivos à população palestina”, apontou o comitê.
O relatório também ressalta que a extensa campanha de bombardeios israelenses na região devastou serviços essenciais e desencadeou uma catástrofe na área da saúde.
A comissão mencionou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) usaram, em fevereiro, mais de 25 mil toneladas de explosivos em Gaza, quantidade equivalente a “duas bombas nucleares”.
“Destruindo sistemas de água, saneamento e alimentação, e contaminando o ambiente, Israel criou uma combinação mortal de crises que causarão danos graves às gerações futuras”, denunciou o comitê.
História do comitê
O comitê foi criado em 1968 para monitorar a ocupação israelense e, em seu relatório anual, expressou sérias preocupações sobre o uso da fome como arma de guerra no conflito, além de denunciar um “sistema de apartheid” na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
No documento, também consta que os pedidos do comitê para visitar Gaza, Cisjordânia, Golã e Israel não foram atendidos, impossibilitando que sua equipe acessasse as áreas sob investigação.
A comissão expressou “graves preocupações sobre violações das leis internacionais humanitárias e de direitos humanos nos territórios ocupados, incluindo o uso da fome como arma de guerra, o risco de genocídio em Gaza e a existência de um sistema de apartheid na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental”.
Corte Internacional de Justiça e denúncia da África do Sul
Em janeiro, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), respondeu ao processo da África do Sul, ordenando que Israel interrompesse quaisquer atos que violassem a Convenção do Genocídio e garantisse a entrega de ajuda humanitária a Gaza, além de preservar provas de possíveis crimes genocidas.
Segundo o jornal britânico Guardian, o governo israelense, que já acusou a ONU de ser “obcecada e parcial” contra o país, não respondeu imediatamente às acusações.
Israel afirmou no início do mês que deixará de cooperar com a Unrwa, principal agência de ajuda humanitária para os palestinos, nos próximos três meses.
(*) Com Ansa.