O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas disse neste sexta-feira (08/11) que quase 70% dos mortos vítimas dos ataques de Israel contra a Faixa de Gaza são mulheres e crianças.
Em um novo relatório, a ONU verificou a morte de 8.119 pessoas durante os primeiros seis meses de guerra no enclave perpetrado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês), de 1º de novembro de 2023 a 30 de abril de 2024. De acordo com a entidade, das fatalidades, 3.588 eram crianças e 2.036 mulheres.
Ainda segundo o documento, a vítima mais novo era um menino de apenas um dia de vida, e a mais velha uma senhora de 97 anos. A ONU afirmou que os números indicam “uma violação sistemática dos princípios fundamentais do direito internacional humanitário”.
Vale ressaltar que o número investigado pela ONU é muito menor que os 43 mil mortos confirmados pelas autoridades de saúde de Gaza ao longo do massacre que perdura por mais de um ano. Porém, os dados reforçam a afirmação de que mulheres e crianças representam uma parcela significativa dos mortos.
Os dados da organização internacional apontam ainda que, dos números verificados, 7.607 foram mortos em prédios residenciais ou espaços similares, sendo que 44% eram crianças, 26% mulheres e 30% homens.
De faixa de etária, crianças de cinco a nove anos representam uma maior porcentagem, seguidas por 10 a 14 anos e depois as de até quatro anos.
Jan Egeland, que é secretário-geral do Conselho Norueguês para Refugiados, esteve em Gaza recentemente e disse ter visto “cena após cena de desespero absoluto”. Segundo ele, os palestinos estão passando por um “sofrimento quase sem paralelo”, com Gaza se tornando uma “área densamente povoada inabitável”.
“Esta não é de forma alguma uma resposta legal, uma operação direcionada de ‘autodefesa’ para desmantelar grupos armados ou uma guerra consistente com o direito humanitário. […] Não há justificativa possível para guerra e destruição contínuas”, disse.
Genocídio de Israel em Gaza continua
Neste um ano de ataques diários de Israel contra os palestinos, quase dois milhões de residentes do enclave foram obrigados a se deslocarem internamente em Gaza, segundo estimativas da ONU. A população vice um escassez de alimentos, água e medicamentos.
No norte de Gaza, por exemplo, as pessoas estão isoladas, pois militares de Israel fazem um cerco que impede acesso de ajuda humanitária.
A ajuda que poderia vir da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (Unrwa) não ocorre, pois o Parlamento israelense proibiu a entrada e operação da organização em território e áreas sob controle de Tel Aviv.
O projeto de lei influencia diretamente no funcionamento da agência da ONU, uma vez que os caminhões que levam ajuda humanitária, como água, alimentos e medicamentos, precisam da aprovação de Israel para passar por seus postos de controle a fim de chegar ao enclave palestino.
Philippe Lazzarini, alto comissário da UNRWA, declarou que o decreto contra a agência “estabelece um precedente perigoso” porque “se opõe à Carta da ONU e viola as obrigações do Estado de Israel sob o direito internacional”.