O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo a todos os países que suspenderam o financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês) para retomarem as contribuições.
O pedido é feito após diversas nações, incluindo a Itália, bloquearem a ajuda depois que trabalhadores da UNRWA foram acusados de estarem envolvidos nos ataques do grupo palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro.
“Embora compreenda as suas preocupações, e também tenha ficado horrorizado com estas acusações, apelo veementemente aos governos que suspenderam as suas contribuições para, pelo menos, garantirem a continuidade das operações da Unrwa”, declarou o diplomata português em nota.
Segundo Guterres, “não se deve de homens e mulheres que trabalham para a UNRWA, muitos deles em algumas das situações mais perigosas que existem no trabalho humanitário”.
Além disso, ele reforçou que “qualquer funcionário da ONU envolvido em atos de terror será responsabilizado, inclusive através de processo criminal”.
Até o momento, Itália, Canadá, Austrália, Finlândia, Reino Unido e Estados Unidos decidiram bloquear os repasses. Nesta segunda-feira (29/01), o Ministério das Relações Exteriores da Áustria declarou também que “todos os pagamentos adicionais à UNRWA serão temporariamente suspensos em coordenação com parceiros internacionais”.
Na sexta-feira (26/01), Israel acusou 12 funcionários da agência de participarem do ataque de 7 de outubro. Nove países ocidentais suspenderam imediatamente o financiamento vital para essa agência da ONU, que é responsável pelos refugiados palestinos desde 1949.
Ela se tornou a única rede de ajuda humanitária para a população da Faixa de Gaza, que vem sendo bombardeada há três meses e meio pelo exército israelense, enquanto a fome ameaça 40% dos habitantes de Gaza.
Wafa
Funcionários de agência da ONU foram acusados de envolvimento com Hamas
A UNRWA rescindiu imediatamente os contratos de pelo menos nove funcionários suspeitos – outro morreu e dois não foram identificados. Ela também abriu uma investigação para determinar as responsabilidades exatas dos cerca de 12 trabalhadores visados, entre os 13.000 que trabalham na Faixa de Gaza.
A rapidez com que os países doadores reagiram ocorreu no momento em que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu sua decisão sobre o risco “plausível” de genocídio em Gaza, exigindo, em especial, o fornecimento de ajuda humanitária aos palestinos vítimas da guerra.
Desde sua criação em 1949, após a derrota das forças árabes e o êxodo em massa da população palestina, a UNRWA tem desempenhado um papel indispensável para os refugiados palestinos.
Desde o início do conflito em Gaza, o chefe da agência, Philippe Lazzarini, tem denunciado a situação com o apoio do secretário-geral da ONU. E tanto a UNRWA quanto a ONU têm sido alvo de críticas por parte das autoridades israelenses.
O trabalho em campo da agência permite o acesso a uma grande quantidade de informações vindas do conflito. Em entrevista, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, chegou a afirmar que a presença da UNRWA em campo está dificultando a estratégia israelense de “destruir tudo”.
(*) Com ANSA