A declaração de Donald Trump de que os Estados Unidos irão “tomar o controle” da Faixa de Gaza e expulsar os palestinos gerou uma onda de reação global. Países como China, Rússia, França e Reino Unido condenaram o plano do republicano.
A fala de Trump ocorreu durante um encontro na Casa Branca entre o norte-americano e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Os Estados Unidos vão tomar o controle da Faixa de Gaza. Vamos ser donos e responsáveis por desarmar todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas no local”, disse Trump.
ONU
O secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, foi uma das personalidades que se manifestou após a fala de Trump
Guterres garantiu que o plano do republicano equivale a uma “limpeza étnica”. Segundo a Corte Penal Internacional (CPI), o deslocamento forçado de uma população é crime contra a humanidade, mas os Estados Unidos não reconhecem a CPI.
Além de Guterres, o escritório de direitos humanos das Nações Unidas também se manifestou, declarando que é “crucial” a guerra em Gaza acabar “com total respeito ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos”
“Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida”, afirmou.
China
O governo da China reagiu ao encontro entre Trump e Netanyahu através de um comunicado lido pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.
Na nota, Pequim expressou sua oposição à ideia de uma realocação forçada da população do enclave palestino.
A China também disse que “todas as partes interessadas devem utilizar o cessar-fogo e a governança pós-guerra em Gaza como uma oportunidade para colocar a questão palestina de volta no caminho certo, que é o de uma solução política baseada na solução de dois Estados e alcançar uma paz duradoura no Médio Oriente”, acrescentou.
Rússia
Na Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou que seu país irá insistir na defesa da solução de dois Estados, com o reconhecimento internacional do Estado da Palestina, como forma colocar fim ao conflito na região.
“Essa é a tese consagrada na resolução relevante do Conselho de Segurança da ONU. É a tese compartilhada pela esmagadora maioria dos países envolvidos nessa questão. Partimos desse princípio, apoiamos essa visão e acreditamos que essa é a única opção possível”, afirmou Peskov.

Faica de Gaza foi destruída por Israel após ataques diários por mais de um ano
França
Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Lemoine, disse que um deslocamento forçado seria uma “grave violação” ao direito internacional.
Além disso, destacou que o plano de Trump é “um ataque às aspirações legítimas dos palestinos, mas também um grande obstáculo à solução de dois Estados e um grande fator desestabilizador para nossos parceiros próximos Egito e Jordânia, bem como para toda a região.”
Reino Unido
Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, também rechaçou a declaração do líder norte-americano, afirmando que “eles [os palestinos] devem ser autorizados a voltar para casa, devem ser autorizados a reconstruir, e nós devemos estar com eles nessa reconstrução no caminho para uma solução de dois Estados”.
Alemanha
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que Gaza pertence aos palestinos e que sua expulsão seria inaceitável e contrária à lei internacional.
“Também levaria a um novo sofrimento e a um novo ódio… Não deve haver solução sobre as cabeças dos palestinos”, afirmou.
Espanha
O governo de Pedro Sanchéz, na Espanha, também se manifestou. O chanceler José Manuel Albares disse querer “deixar claro” que a Faixa de Gaza é a “terra dos palestinos”.
“Gaza é a terra dos palestinos de Gaza e eles devem permanecer em Gaza. Gaza é parte do futuro Estado palestino que a Espanha apoia e tem que coexistir garantindo a prosperidade e a segurança do Estado israelense”.
Irlanda
Por sua vez, o governo irlandês apontou a necessidade da solução de dois Estados.
O ministro das Relações Exteriores, Simon Harris, disse que o “povo da Palestina e o povo de Israel têm o direito de viver em Estados lado a lado com segurança, e é aí que o foco tem que estar. Qualquer ideia de deslocar o povo de Gaza para qualquer outro lugar estaria em clara contradição com as resoluções do conselho de segurança da ONU.”