Palestina acusa Israel de torturar e assassinar renomado médico de Gaza em prisão
Adnan Al-Bursh, que era ortopedista do Hospital Al-Shifa, ficou quatro meses detido na cadeia de Ofer, na Cisjordânia
O renomado médico palestino, Adnan Al-Bursh, chefe do departamento de ortopedia do Hospital al-Shifa, em Gaza, e considerado um dos cirurgiões “mais qualificados” da região, foi torturado e assassinado em uma prisão israelense no dia 19 de abril, de acordo com as informações divulgadas pelo Comitê de Assuntos dos Presos Palestinos e do Clube de Prisioneiros Palestinos, nesta quinta-feira (02/05).
As entidades detalharam que a morte de Al-Bursh, de 50 anos, ocorreu na “seção 23” da cadeia israelense de Ofer, próximo de Ramallah, na Cisjordânia, onde passou mais de quatro meses detido e, também, onde muitos outros palestinos foram presos nos últimos meses. Também foi confirmado a morte de Abdel Bari Rajab Khadir, de 33 anos.
Segundo o jornal italiano Il Manifesto, em luto, a comunidade da Palestina acusa os casos como sendo parte de um “ataque sistemático”, um “assassinato” no qual se aplica o crime de tortura e tem como alvo, especialmente, os profissionais de medicina.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, desde 7 de outubro, 496 funcionários da saúde foram mortos em decorrência dos ataques israelenses. Outros 1.500 ficaram feridos e 309 foram presos.
Al-Bursh, durante a primeira invasão ao Hospital al-Shifa, em novembro passado, mudou-se para o Al Awda, no norte de Gaza. No entanto, logo no mês seguinte, acabou sendo detido e levado pelos soldados israelenses.

Adnan Al-Bursh, chefe do departamento de ortopedia do Hospital al-Shifa, em Gaza, foi torturado e assassinado em prisão israelense
O Il Manifesto detalha que, após o início da intensificação dos ataques liderados por Tel Aviv ao enclave, mais de 5.000 palestinos foram presos. Pelo menos 800 estão em bases militares e campos de detenção no Neguev, ou em locais onde, segundo organizações israelenses que supostamente defendem os direitos humanos, “são torturados e mantidos em condições extremamente degradadas”.
Até agora, pelo menos 27 palestinos de Gaza morreram na prisão depois do 7 de outubro.
Ainda segundo o veículo, os planos de ataque contra Rafah permanecem na mesa do gabinete de guerra de Israel, que se reuniu novamente nesta semana para decidir sobre os próximos passos a serem feitos.
As negociações para se chegar a um acordo de cessar-fogo permanente e libertação de reféns também se deparam com obstáculos, uma vez que, enquanto o Hamas apela pelo fim integral da guerra, Israel defende uma pausa de semanas para, em seguida, retomar a ofensiva que já causou quase 35.000 fatalidades no enclave, em sete meses.
O Il Manifesto também menciona o famoso jornalista norte-americano e vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, afirmando que o profissional prevê que a “posição israelense não mudará: o objetivo continua sendo atacar o Hamas a todo o custo, apesar das famílias dos reféns terem intensificado manifestações e bloqueios de estradas” exigindo a concretização de um acordo com o grupo palestino.
“O cobertor já foi em grande parte ‘queimado’. Gaza está em escombros. A reconstrução custará entre 30 e 40 bilhões de dólares e durará até 2040, segundo estimativas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)”, informa o veículo italiano.
Diante de um cenário em que “72% dos edifícios residenciais foram total ou parcialmente destruídos”, segundo o chefe do Oriente Médio do PNUD, Abdallah Dardari, trata-se de uma missão que a comunidade internacional não enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial.
