A sugestão do presidente norte-americano Donald Trump de realocar a maior parte da população de Gaza para a Jordânia e Egito foi rejeitada por unanimidade pelos países vizinhos e lideranças palestinas.
A Liga Árabe, que representa 22 países, classificou a proposta como um “deslocamento forçado e a expulsão de pessoas de suas terras”, afirmando que essa sugestão “não pode ser descritas senão como limpeza étnica”.
Os governos da Jordânia e Egito também se manifestaram individualmente. O ministro das Relações Exteriores jordaniano, Ayman Safadi, foi enfático ao dizer que o país pertence aos jordanianos e a Palestina aos palestinos.
Seu homólogo egípcio, Badr Abdelatty, disse que o deslocamento forçado de pessoas viola os direitos inalienáveis dos palestinos e ameaça a estabilidade na região. Ele reafirmou “o apoio contínuo do Egito à resiliência do povo palestino na sua terra”.
‘É uma violação de direitos inalienáveis’
O comunicado oficial do Egito também rejeitou “qualquer violação destes direitos [dos palestinos], seja a colonização, anexação de terras ou o despovoamento de terras através do deslocamento forçado de seus habitantes”.
“O Egito não pode ser parte de nenhuma solução que envolva a transferência de palestinos para (a província egípcia) o Sinai”, publicou a embaixada do Egito nos Estados Unidos em sua página oficial na rede social X.
A publicação também remeteu a um artigo do embaixador egípcio nos Estados Unidos, Motaz Zahran, publicado em outubro de 2003. Nele, o diplomata afirmava que “despojar cidadãos da sua terra natal e torná-los refugiados perpétuos não nos aproxima de uma solução política permanente, isso, ao contrário, a repele e alimenta sentimentos atormentados de angústia e reações violentas por vingança”.
Desde o início do conflito bélico ambos países lideraram a oposição do mundo árabe contra a expulsão forçada dos palestinos de suas terras.

Palestinos foram forçados a deixarem suas casas após ataques de Israel
‘Nossos territórios são inegociáveis’
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, frisou que nenhuma proposta de tirar os palestinos de suas terras será aceita.
“Os direitos dos palestinos são inegociáveis e nosso território e locais sagrados permanecem prioritários. Projetos como esse são uma violação dos direitos humanos e do direito internacional”, disse.
A resposta de um membro da direção do Hamas foi similar: “nosso povo desbaratou durante décadas todos os planos de deslocamento para terras alternativas, e também rejeitará esses novos projetos”.
Extrema direita israelense aplaude a ideia
Os únicos que aplaudiram as sugestões de Trump foram membros da ultradireita nacionalista israelense. Foi o caso dos ministros das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich e Segurança Nacional, Itamar Bem Gvir. Ambos são colonos que vivem ilegalmente em terras palestinas na Cisjordânia.
“Com a ajuda de Deus, trabalharei junto ao primeiro-ministro e o governo para desenvolver um plano que permita implementar essa ideia”, disse Smotrich em um comunicado. Aparentemente, Benjamin Netanyahu também estava bastante entusiasmado com a ideia.
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump propôs um plano que previa a anexação por Israel de quase 30% da Cisjordânia ocupada.