Cerca de 1,8 milhões de pessoas – o que representa 86% da população de Gaza – estão enfrentando níveis críticos de fome, classificados como fase 3 ou superior na escala de cinco pontos da Classificação Integrada de Segurança Alimentar (CIF).
Conheça a panificadora Al-Mawasi
A panificadora Al-Mawasi, em Khan Yunis, se tornou um símbolo de resistência e esperança em meio à grave crise humanitária que atinge a região.
Em meio aos ataques de Israel e à crescente escassez de recursos, um grupo de mulheres voluntárias mantém em funcionamento uma panificadora improvisada no campo de refugiados de Al-Mawasi.
As mulheres, com recursos limitados, têm sido um pilar para milhares de famílias deslocadas, produzindo pão diário sempre que conseguem obter insumos essenciais.
“Desde o início da guerra, essa panificadora tem atendido as necessidades de milhares de famílias”, diz Umm Al-Abed, uma das mulheres voluntárias, refugiada de Beit Hanoun e agora reside em Mawasi Khan Yunis.
Recursos limitados
No entanto, a produção tem sido fortemente afetada pela escassez crítica de ingredientes básicos, como farinha, óleo e levedura.
A situação se agravou nos últimos dias, com o fechamento dos postos de fronteira e o aumento de roubos aos caminhões de fornecimento, o que resultou em uma escassez de farinha sem precedentes na região.
O pão, alimento fundamental na dieta diária dos gazenses, se tornou ainda mais escasso, colocando em risco a sobrevivência de milhares de pessoas, especialmente em áreas como Beit Hanoun, Beit Lahia e Jabalia, onde os palestinos enfrentam condições extremas devido à falta de assistência.
Mesmo diante de tantos obstáculos, as mulheres de Al-Mawasi continuam a trabalhar incansavelmente, mantendo viva a esperança em uma situação cada vez mais desesperadora.
Escassez de alimentos em Gaza
A escassez de alimentos é um reflexo de uma situação humanitária sem precedentes, exacerbada pelos constantes bombardeios israelenses, que dificultam o funcionamento do comércio e agravam a já precária segurança alimentar na região.
Em outubro, a ONU relatou que apenas 5.800 toneladas de alimentos haviam chegado a Gaza, uma queda dramática em relação às 76.000 toneladas de setembro, deixando mais de 500 caminhões retidos na fronteira, incapazes de entregar as mercadorias essenciais.
A situação em Gaza continua a se deteriorar, com a ONU emitindo repetidas advertências sobre o risco iminente de uma fome generalizada.
Além disso, a classificação mais recente da CIF aponta que cerca de 133.000 pessoas, ou 6% da população de Gaza, estão enfrentando fome catastrófica, o nível mais alto na escala de insegurança alimentar.
Embora este número tenha melhorado em relação a fases anteriores do conflito, a crise ainda é grave, com a guerra entre Hamas e Israel, iniciada em outubro de 2023, gerando uma catástrofe humanitária sem precedentes.
(*) Com Telesur.