Durante a madrugada desta quinta-feira (18/07), o Parlamento israelense do Knesset aprovou, por uma maioria esmagadora, uma resolução que “rejeita completamente” o estabelecimento do Estado da Palestina e a solução de dois Estados. Trata-se de uma decisão tomada dias antes da visita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Washington, nos Estados Unidos, onde discursará no Congresso norte-americano e se reunirá com o presidente Joe Biden na Casa Branca.
“O Knesset de Israel se opõe completamente ao estabelecimento de um Estado palestino a oeste da Jordânia. O estabelecimento de um Estado palestino no coração da Terra de Israel representará um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos, perpetuará o conflito israelense-palestino e desestabilizará a região”, afirma a resolução.
De acordo com o jornal The Times of Israel, o projeto, que foi copatrocinado pela coalizão do premiê junto com partidos de direita da oposição, foi aprovado por uma maioria de 68 votos, enquanto apenas nove parlamentares se manifestaram contrários.
A resolução também recebeu apoio do partido centrista Unidade Nacional, de Benny Gantz, uma figura que é vista por muitos líderes no Ocidente como “mais moderada” do que Netanyahu.
Segundo a imprensa local, parlamentares do partido Yesh Atid, de centro-esquerda, liderado pelo opositor Yair Lapid, teriam deixado o plenário para evitar apoiar a medida. Os únicos que se opuseram ao texto foram congressistas dos partidos trabalhistas de Ra’am e Hadash-Ta’al.
Em fevereiro, o Knesset chegou a aprovar uma resolução patrocinada por Netanyahu rejeitando a criação de um Estado palestino sem um acordo de paz com Israel, no contexto em que vários países declaravam apoiar o reconhecimento da Palestina como soberano e independente. Desta vez, o projeto rejeita totalmente o estabelecimento de um Estado palestino, mesmo como parte de um acordo negociado com o governo israelense.
“Promover a ideia de um Estado palestino neste momento será uma recompensa para o terrorismo e só encorajará o Hamas e seus apoiadores a ver isso como uma vitória, graças ao massacre de 7 de outubro de 2023 e um prelúdio para a tomada do Islã jihadista no Oriente Médio”, afirmou o documento.
Decisão do Knesset confirma racismo
Por outro lado, Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente Mahmoud Abbas da Autoridade Palestina, disse em resposta à votação que “não há paz ou segurança para ninguém sem o estabelecimento de um Estado palestino” com Jerusalém Oriental como capital, apontando que vários países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) já o reconheceram.
Rudeineh ainda acusou o governo israelense de “empurrar toda a região para o abismo” com o apoio de Washington e classificou as operações militares lideradas por Tel Aviv em Gaza como “terrorismo”.
Para Hussein al-Sheikh, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina e um dos principais assessores de Abbas, afirmou que a decisão do Knesset confirma o “racismo”, o “desrespeito ao direito internacional” e a “política de perpetuar a ocupação para sempre” de Israel.
The Israeli Knesset’s decision yesterday, with a majority of 68 votes, to exclude and prevent the establishment of a Palestinian state and consider its establishment an existential threat to Israel, confirms the racism of the occupying state and its disregard for international… https://t.co/SnY8XyoVyZ
— حسين الشيخ Hussein AlSheikh (@HusseinSheikhpl) July 18, 2024
“Os países do mundo que hesitam em reconhecer o Estado da Palestina devem reconhecê-lo imediatamente em resposta à decisão do Knesset e para proteger a solução de dois Estados. Apelamos aos irmãos árabes para que respondam adequadamente a esta decisão perigosa”, escreveu em rede social.