Minouche Shafik, presidente da Universidade de Columbia de Nova York, renunciou nesta quarta-feira (14/08) após meses de intensa pressão por sua condução das manifestações pró-Palestina e controvérsias sobre a gestão de um campus fortemente dividido. O conselho de administração da instituição nomeou uma presidente interina. O campus de Columbia foi o epicentro de protestos estudantis contra a guerra em Gaza e de polêmicas sobre o aumento do antissemitismo no país.
Minouche Shafik, a primeira mulher a dirigir a renomada universidade norte-americana, se tornou a terceira dirigente a deixar o cargo de reitora universitária nos Estados Unidos devido a conflitos relacionados à guerra Israel-Hamas.
Em uma carta à comunidade de Columbia, Shafik explicou sua renúncia dizendo que, embora houvesse progresso em áreas importantes, o período também foi de “turbulências”, onde “foi difícil superar as divergências de opinião em nossa comunidade”.
“Este período teve um impacto significativo na minha família, assim como em outras pessoas da comunidade universitária”, escreveu Shafik. “Durante o verão, refleti e decidi que minha saída permitirá que a Columbia enfrente melhor os desafios futuros”, completou.
Shafik informou que sua renuncia tem efeito imediato e anunciou que assumirá um cargo no Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
O conselho de administração de Columbia nomeou Katrina A. Armstrong, médica e diretora executiva do centro médico da universidade, além de reitora da faculdade de medicina desde 2022, como presidente interina. O conselho ainda não divulgou o cronograma para a nomeação de um novo presidente permanente.
Meses de pressão levaram à renúncia inesperada
A renúncia de Shafik foi inesperada e ocorreu a menos de três semanas do início do semestre letivo. Sob a suposta acusação de permitir que o antissemitismo se disseminasse no campus, Shafik passou por uma sabatina perante o Congresso americano em abril passado.
No mesmo dia da audiência, estudantes montaram um acampamento no campus da Universidade pedindo o fim da guerra em Gaza. A ocupação só teve fim sob violência policial. Em uma medida polêmica e após semanas de tentativa de negociação, Shafik permitiu que centenas de oficiais ingressassem ao campus e reprimissem os manifestantes.
Além de Shafik, M. Elizabeth Magill, da Universidade da Pensilvânia, e Claudine Gay, da Harvard, também passaram pelo escrutínio no Congresso e renunciaram aos seus cargos de direção.
Mais recentemente, Martha E. Pollack, da Universidade Cornell, também renunciou, embora ela não tenha sido interrogada publicamente pelos congressistas. Apesar de Pollack ter garantido que sua decisão não resultou de pressão por sua conduta, a saída ocorreu em meio a controvérsias sobre ações disciplinares empregadas contra ativistas estudantis pró-Palestina.