Terça-feira, 10 de junho de 2025
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O massacre promovido pelas forças militares de Israel contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza completou nove meses no último domingo (07/07) e o debate sobre essa tragédia ganhou novas luzes após a publicação de um artigo científico no qual três acadêmicos asseguram que o número total de vítimas fatais é muito maior que os pouco mais de 38 mil civis registrados pelos números oficiais do Ministério da Saúde local.

O artigo foi publicado pela renomada revista científica The Lancet, com o título “Counting the dead in Gaza: difficult but essential” (“Contagem dos mortos em Gaza: difícil mas essencial”), e traz um estudo que estima as mortes indiretas causadas pelo conflito, que não estão identificadas pela contagem oficial das autoridades palestinas, e calcula que, “em uma projeção conservadora”, a quantidade total de mortes civis provocadas pela ação militar israelense em Gaza pode ser de até 186 mil.

Campanha Free Palestine

“O número de mortes registradas é provavelmente subestimado. A organização não governamental Airwars efetua avaliações pormenorizadas de incidentes na Faixa de Gaza e constata frequentemente que nem todos os nomes de vítimas identificáveis estão incluídos na lista do Ministério da Saúde”, afirma o texto publicado pela revista.

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O artigo é assinado pelo pesquisador britânico Martin McKee, que é membro do conselho editorial do Israel Journal of Health Policy Research e do Comitê Consultivo Internacional do Instituto Nacional de Investigação sobre Políticas de Saúde de Israel, com colaboração da jornalista libanesa Rasha Khatib e do médico indiano-canadense Salim Yusuf.

Em outro trecho, a matéria apresenta o conceito de “mortes indiretas” geradas por um conflito armado, devido às “implicações para a saúde causadas pela destruição das infraestruturas de cuidados de saúde; a grave escassez de alimentos, água e abrigos; a incapacidade da população de fugir para locais seguros; entre outros fatores”.

“Em conflitos recentes, essas mortes indiretas variam entre três e 15 vezes o número de mortes diretas. Aplicando uma estimativa conservadora de quatro mortes indiretas por cada morte direta às 38 mil vítimas oficiais registadas, não é absurdo estimar que até 186 mil pessoas podem ter morrido durante o atual conflito em Gaza”, analisam os autores.

Egypt Today
Mortes indiretas provocadas pelo massacre de Israel em Gaza pode fazer com que número real de vítimas seja quatro vezes maior que o indicado nos números oficiais

No mesmo artigo, com base em números da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) que estabelecem que a população da Faixa de Gaza em 2022 era de 2,38 milhões de habitantes, calcula-se então que, se estimativa de 186 mil mortes civis está correta, isso significaria que a ofensiva israelense iniciada em outubro passado já eliminou entre 7% e 9% dos residentes da região.

No final do artigo, o grupo responsável pela revista The Lancet afirma “adotar uma posição neutra no que diz respeito a reivindicações territoriais”, assegurando que o conteúdo do artigo não reproduz uma opinião da publicação sobre os temas de fundo relativos ao conflito na Faixa de Gaza.

 

Com informações da The Lancet.