Fontes médicas palestinas revelaram nesta terça-feira (25/02) que pelo menos seis crianças, a mais nova delas com poucos dias de vida, morreram de frio na Faixa de Gaza.
Segundo detalhado pela Al Jazeera, cinco das crianças morreram no Hospital Amigos do Paciente, no bairro de Remal, na Cidade de Gaza. Já a sexta faleceu na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.
O repórter da emissora catari Hani Mahmoud visitou o centro médico onde foi registrada a maioria das vítimas. Segundo seu relato, “as crianças estão arcando com o peso do sofrimento devido à infraestrutura destruída e à eletricidade precária”.
Mahmoud descreveu que as crianças sofrem de resfriado severo e “lesão do frio”. “Os recém-nascidos chegaram ao hospital sem nenhuma doença em particular. Eles simplesmente nasceram e sua família não tinha como mantê-los aquecidos”.
Dos nove casos de hipotermia em crianças recebidos pelo Hospital Amigos do Paciente nos últimos dias, apenas três se recuperaram, e necessitam de abrigo e aquecimento para manter sua saúde – elementos restritos até mesmo dentro do centro médico.
Sob bloqueio, a Faixa de Gaza vive com restrições de energia elétrica e combustível. A eletricidade no hospital que permite o tratamento e aquecimento das crianças pode ser desligada a qualquer momento, segundo Mahmoud.
Fora dos hospitais a situação não melhora. Apesar do cessar-fogo ter permitido o retorno dos palestinos às suas casas, a grande maioria deles encontrou apenas escombros. Sem permissão israelense para que máquinas de obra e materiais de construção entrem no enclave, a alternativa que muitas famílias encontraram foi a de viver em tendas, que são precárias e não protegem os civis das chuvas, alagamentos e frio.
“Viver em uma tenda é realmente difícil. Um dia atrás, estávamos todos encharcados em água da chuva. O chão ainda está molhado e frio e nossos filhos pequenos não conseguem suportar isso”, disse Ghassan Alsosi à Al Jazeera.
A entrevistada relatou que as crianças de sua família “tossem e vomitam a noite toda”. “Estou desamparada, especialmente porque não há remédios disponíveis. Meus filhos estão com dor. Não tenho dinheiro para comprar roupas ou cobertores para eles”.

Palestinos se abrigam em tendas precárias durante inverno na Faixa de Gaza
“Crianças não deveriam estar morrendo de frio no século XXI”
O Hamas afirmou que a morte das seis crianças na Faixa de Gaza, devido ao frio intenso e à falta de aquecimento, e a presença de várias outras em hospitais em estado crítico é resultado das “políticas criminosas” de Israel e “sua prevenção da entrada de ajuda humanitária e materiais de abrigo” no enclave palestino.
O grupo palestino também criticou o “silêncio da comunidade internacional” sobre o enfrentamento do “desastre humanitário sem precedentes que ocorre em Gaza como resultado da agressão e cerco” de Israel.
A resistência exigiu que os mediadores do acordo de cessar-fogo, os Estados Unidos, Catar e Egito, ajam para impedir que Israel viole a trégua ao impedir a entrada de ajuda humanitária, e para garantir “abrigo, aquecimento e suprimentos médicos urgentes” em Gaza.
O descumprimento do acordo em relação à quantidade de casas móveis, como moradias pré-fabricadas, para servir de abrigo aos civis, também foi criticado pelo Hamas.
Segundo o documento assinado, pelo menos 60 mil dessas casas deveriam entrar em Gaza, mas apenas 12 caravanas foram entregues e direcionadas apenas às organizações que prestam ajuda no enclave.
“O sofrimento das pessoas na Faixa de Gaza não é uma tragédia – é uma crise evitável. Crianças não deveriam estar morrendo de frio no século XXI.
(*) Com informações da Al Jazeera