Apoiados pela força aérea, soldados israelenses realizaram operações contra o Hamas em Gaza nesta sexta-feira (28/06), obrigando dezenas de milhares de pessoas a fugir, no nono mês de guerra que suscita receios de uma conflagração regional.
Na fronteira de Israel com o Líbano foram registrados ataques contra o Hezbollah, aliado do Hamas. O movimento libanês anunciou a morte de quatro de seus combatentes.
A grande ofensiva em Gaza foi desencadeada por um ataque do movimento islâmico contra Israel, em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.195 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. No entanto, os receios de ver o conflito alastrar-se ao Líbano aumentaram após uma escalada de violência na fronteira entre os dois países.
A guerra provocou uma catástrofe humanitária no território palestino de 2,4 milhões de habitantes, sitiado desde 9 de outubro por Israel. Faltam água e alimentos, a maioria dos hospitais está fora de serviço, bairros inteiros foram destruídos e 37.765 pessoas foram mortas, segundo os dados do ministério da Saúde do governo.
No leste da cidade de Gaza, o Exército anunciou uma operação em Shujaiya após informações sobre a “presença de terroristas e infraestruturas do grupo palestino” na região. Os soldados entraram e os aviões militares atacaram “dezenas de locais terroristas do Hamas”.
A operação começou na quinta-feira (27/06), com disparos de artilharia e helicópteros, além de confrontos entre soldados e combatentes. A Defesa Civil e testemunhas relataram “numerosas mortes”.
“É o bastante!”
“Dezenas de milhares de civis” fugiram da área, disse a Defesa Civil, após um pedido de retirada do Exército israelense. Nenhum lugar é seguro na Faixa de Gaza, segundo a ONU. “Basta! Estamos devastados. Perdemos os nossos filhos e as nossas casas e continuamos a fugir de um lugar para outro”, disse uma palestina ao deixar a área.
Os ataques israelenses tiveram como alvo outras áreas do norte de Gaza, “eliminando dezenas de terroristas escondidos nas escolas da UNRWA”, a agência da ONU para refugiados palestinos.
No centro de Gaza, fontes médicas relataram três mortes, incluindo uma menina em Deir el-Balah, e foram ouvidos disparos de artilharia em Nousseirat. No sul, o fogo de artilharia teve como alvo Khan Younes e Rafah.
O Exército anunciou a morte de um soldado de 19 anos no sul de Gaza, elevando para 314 o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre no território palestino, em 27 de outubro.
Em 7 de maio, as tropas israelenses lançaram uma ofensiva terrestre em Rafah, então apresentada por Israel como o último grande reduto do Hamas. Mas os combates recomeçaram em várias outras regiões, especialmente no norte.
“Dezenas de foguetes Katyusha”
Na quinta-feira, israelenses contrários à condução da guerra pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu saíram novamente às ruas para pedir a libertação dos reféns.
Durante o ataque do Hamas, em 7 de outubro, 251 pessoas foram sequestradas, 116 das quais ainda estão detidas em Gaza e 42 morreram, segundo o Exército.
Na sequência deste ataque, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio ao movimento palestino e, desde então, as trocas de tiros nas zonas fronteiriças têm sido quase diárias e por vezes muito intensas.
Na quinta-feira, o Hezbollah anunciou que quatro dos seus combatentes foram mortos em ataques israelenses no Líbano e reivindicou três ataques a posições militares no norte de Israel, incluindo um com “dezenas de foguetes Katyusha” contra uma “base aérea antimísseis”.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que Israel não queria uma guerra com o Hezbollah no Líbano, mas alertou que o seu país tinha “a capacidade de devolver o Líbano à Idade da Pedra” em caso de conflito.
Os Estados Unidos, a ONU e a França, em particular, alertaram contra uma guerra no Líbano.