Site britânico revela nova estratégia de Israel contra o Hamas: guerra civil em Gaza
Segundo investigação do Evening Star, diante de fracasso em eliminar grupo palestino após 16 meses de combate, autoridades israelenses planejam ‘encorajar protestos’ no enclave para ‘minar governo’ da resistência
Uma investigação do site britânico Evening Star revelou que após 16 meses de ofensivas militares na Faixa de Gaza, Israel planeja um “plano B” para eliminar o Hamas: uma guerra civil entre os palestinos.
Mesmo com o genocídio que o governo israelense provocou no enclave, o portal afirma que desde 7 de outubro de 2023 a administração do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguiu atingir seu objetivo principal, a eliminação completa do Hamas.
“Apesar da destruição generalizada, milhares de vítimas e graves crises humanitárias, o Hamas continua entrincheirado em Gaza e sua resistência contra as forças israelenses. Diante dessa realidade, Israel parece estar mudando de tática — caminhando em direção ao Plano B, que envolve alimentar a dissidência interna contra o Hamas por meio de guerra psicológica, campanhas nas mídias sociais e a mobilização de ativistas palestinos no exterior”, denuncia o texto.
A publicação ainda reconhece que “a liderança do Hamas permanece intacta”, que seus “combatentes continuam a se envolver na guerrilha” e que “o grupo tem mantido uma influência significativa sobre a população de Gaza”.
“Sem uma vitória clara à vista, Israel agora está explorando estratégias alternativas para enfraquecer o Hamas de dentro”, adverte o Evening Star.
“Incitar a agitação civil contra o Hamas”
Citando “fontes bem informadas” das Forças de Defesa Israelenses (IDF), o texto detalha que o “Plano B” das autoridades de Tel Aviv estaria sob responsabilidade do porta-voz do exército israelense Avichay Adraee. O principal objetivo seria “minar o governo do Hamas” em Gaza ao “encorajar protestos e desobediência civil”.
O plano foi publicado pelo Evening Star na última quarta-feira (26/03). No dia anterior, terça-feira (25/03), dezenas de palestinos foram às ruas da Faixa de Gaza exigindo o fim da agressão genocida israelense e o levantamento do bloqueio à entrada de ajuda humanitária. Contudo, parte dos manifestantes exigiam que o Hamas deixasse o poder em Gaza.
“De acordo com fontes dentro da célula de crise, espera-se que esses protestos cresçam nos próximos dias, potencialmente escalando para uma revolta civil completa”, alertou o site.

Plano foi publicado pelo Evening Star na última quarta-feira (26). Na terça (25), manifestantes exigiam que o Hamas deixasse o poder em Gaza
Campanha em mídias sociais
“A célula de crise está contando fortemente com campanhas de mídia social para virar os moradores de Gaza contra o Hamas”. Então outro ângulo do esquema envolveria influenciadores regionais como Amjad Taha (ativista Ahwazi-UAE), Abdulaziz Al Khamis (jornalista saudita) e Loay Al Shareef (ativista pela paz nos Emirados Árabes Unidos).
Eles estariam responsáveis por “promover narrativas que destacam as falhas de governança do Hamas, sua dura repressão à dissidência e o sofrimento dos moradores de Gaza tanto pela guerra quanto pelo governo do Hamas”.
“Plataformas como Twitter (X), Telegram e Facebook estão sendo usadas para circular vídeos de protestos, depoimentos de moradores de Gaza desiludidos e críticas à liderança do Hamas”, explica o site britânico.
Segundo a publicação, esse tipo de estratégia usa de “atores externos que exploram queixas locais para desestabilizar facções dominantes”.
“Se bem-sucedida, isso pode levar a conflitos internos entre o Hamas e facções rivais ou grupos civis, enfraquecendo o movimento sem intervenção militar israelense direta”, considera.
Riscos
O Evening Star reconhece que o “Plano B” de Israel é uma “nova abordagem”, contudo, “traz riscos significativos”.
Sobre campanha nas mídias sociais, o texto afirma que o Hamas pode “colaborar indiretamente” com influentes para contrapor o plano israelense. Motas Aziaza, jornalista e ativista palestino que tem bastante influência na internet seria um possível nome para o trabalho, por exemplo.
“Isso daria à campanha visibilidade imediata entre os principais públicos, alavancando sua credibilidade e redes de base. Em troca de fundos acordados, esses influenciadores poderiam compartilhar depoimentos em primeira mão, amplificar chamadas para ação e mobilizar seus seguidores para apoiar a causa.
E em relação aos protestos em Gaza, “se a célula de crise tiver sucesso em mobilizar oposição suficiente, Gaza pode ver uma luta de poder entre o Hamas e outras facções, como o Fatah ou grupos armados independentes. Isso pode levar à queda do Hamas ou fraturar ainda mais a unidade palestina”, alerta o site britânico.
(*) Com informações de Evening Star
