'É preciso sair da zona de conforto e se juntar à luta global pela Palestina livre', afirmou Greta Thunberg em coletiva nesta tarde
Em entrevista coletiva, ativistas da Flotilha da Liberdade relatam que governo de Malta irá reparar navio bombardeado
Em entrevista coletiva na tarde deste domingo (04/05), ativistas da Coalização da Flotilha da Liberdade (FFC), que se encontram em Malta, contaram que o governo do país irá fornecer apoio logístico e fará reparos no navio Conscience. Eles também reiteraram o pedido de apoio e solidariedade internacional ao povo palestino.
Dois drones foram lançados na última sexta-feira (02/05) sobre o navio Conscience que levava ajuda humanitária para Gaza. Ativistas de vários países aguardam agora as providências do governo para seguir com a missão.
Durante a coletiva, eles afirmaram que não tiveram nenhuma outra intenção do que levar ajuda e esperança a Gaza e garantiram que todas as ações não são violentas e de que tudo está alinhado com o direito internacional.
No sábado, uma delegação de voluntários tentou chegar ao navio Conscience para prestar apoio à tripulação e aos voluntários a bordo, sem sucesso. Os barcos foram interceptados pelas Forças Armadas de Malta (AFM) que forçou a delegação a retornar e passar pela imigração e alfândega sob ameaça de prisão.

Flotilha da Liberdade
Neste domingo, o governo recuou. “Finalmente acordamos com boas notícias. O governo de Malta garantiu que sua intenção com o Conscience é prestar assistência e trazê-lo para Malta, para pagar os reparos do barco. Esse é um gesto muito importante, afirmou Thiago Ávila, um dos organizadores da Flotilha da Liberdade.
Ele contou que eles agradeceram a oferta da reparação, mas que pedem garantias de que o navio Conscience “não seja interrompido quando quiser sair para a missão humanitária de levar ajuda à Gaza”, que está há “60 dias sem uma única garrafa de água e sem um único saco de farinha”.
“Estamos dispostos a ir para o Conscience apesar de termos sido parados duas vezes nos últimos dois dias”, destacou.
Ávila afirmou que “pessoas em todo o mundo estão partilhando as mensagens da Flotilha. “Isso é muito importante porque vemos uma geração de pessoas descobrindo as violações sofridas pelo povo palestino durante 78 anos”, destacou.
Em entrevista exclusiva ao Opera Mundi neste sábado, ele contou sobre a situação em Malta e afirmou que “por milagre, ninguém morreu”.
‘Defendam o que é correto’
A ativista Greta Thunberg é uma das 80 pessoas, de vários países do mundo, que se encontram em Malta. Ela participou coletiva neste domingo.
“Minha mensagem e encorajamento se dirige, principalmente, a todos os jovens que têm se mobilizado. Temos visto mobilizações em todo o mundo, onde os jovens, de muitas formas, estão mostrando o caminho”, apontou.
“Defendam o que é correto. O que estamos fazendo aqui é tentar o nosso melhor para utilizar todos os meios possíveis para fazer a nossa parte e quebrar o cerco desumano e ilegal a Gaza, abrindo um corredor humanitário”, afirmou.
“Quando deixamos de tentar, nós perdemos a nossa humanidade. Se ainda tivermos o mínimo de humanidade, o que é escasso hoje em dia, não há escolhas sobre o que fazer”, ressaltou.
“Todos têm que se levantar, sair da sua zona de conforto para protestar. Faça chamadas, mande e-mails, organize as pessoas, virtual ou presencialmente. Envolva as comunidades locais e se junte à luta global pela Palestina livre”, convocou Thunberg.
Ela também agradeceu a solidariedade e destacou a resistência do povo palestino.
“Estamos de muitas maneiras chamando os olhos para Malta, conscientes de que não devemos afastar o foco de Gaza e do imenso sofrimento, mas acima de tudo, da imensa bravura e resistência que os palestinos estão demonstrando neste momento”, concluiu.
Comunicado
Neste domingo, a Coalização Flotilha da Liberdade publicou em seu site um comunicado sobre a situação em Malta. Confira a íntegra do texto:
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) deseja informar ao público que recebemos uma atualização muito bem-vinda do governo de Malta, com a intenção declarada de fornecer apoio logístico e possíveis reparos ao nosso navio, o “Conscience”. Gostaríamos de reiterar nossa intenção de sermos autorizados a entrar em Malta, com a garantia de que nossa ação pacífica para navegar até Gaza não será prejudicada de forma alguma.
Quando o “Conscience” foi inicialmente abordado pela guarda costeira, eles supostamente não se identificaram e levaram pouco menos de uma hora para ajudar a apagar o incêndio a bordo. A tripulação sinalizou por socorro, mas seu sinal de rádio foi adulterado, gerando ainda mais dúvidas. As Forças Armadas de Malta também os incentivaram a abandonar o navio, o que significa que, legalmente, o “Conscience” não tinha garantias de que nosso navio permaneceria seguro, o que impediu acordos.
A FFC gostaria de esclarecer nosso compromisso com as autoridades relevantes para agilizar a atracação temporária do nosso navio para reparos e vistoriadores, para que possamos continuar a missão humanitária urgente em Gaza.
O porta-voz da FFC, Thiago Avila, em nome de mais de 20 nacionalidades de médicos voluntários, educadores, engenheiros, agricultores, estudantes, ativistas, assistentes sociais e organizadores comunitários atualmente em Malta, declara:
As notícias de hoje são um acontecimento muito positivo. Aguardamos com expectativa o diálogo e a coordenação com as autoridades maltesas para podermos redirecionar a atenção da mídia e do público para onde ela precisa estar: para o genocídio calculado de Israel, a fome deliberada e a destruição em larga escala em Gaza.
O organizador e porta-voz do FFC, Yasemin Acar, afirma:
- Nossa missão é mobilizar a solidariedade global diante do genocídio em Gaza. Há mais de 60 dias, nenhuma ajuda humanitária chega por terra; esta crise exige ação internacional urgente. Na ausência de vontade política, continuamos comprometidos em agir como cidadãos globais. Embora sejamos gratos por todo o apoio, cada dia sem uma investigação atrasa a ajuda e nega a justiça. Temos o direito de saber quem nos atacou e colocou em risco a vida dos trabalhadores humanitários.
