Terça-feira, 13 de maio de 2025
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Em entrevista coletiva na tarde deste domingo (04/05), ativistas da Coalização da Flotilha da Liberdade (FFC), que se encontram em Malta, contaram que o governo do país irá fornecer apoio logístico e fará reparos no navio Conscience. Eles também reiteraram o pedido de apoio e solidariedade internacional ao povo palestino.

Dois drones foram lançados na última sexta-feira (02/05) sobre o navio Conscience que levava ajuda humanitária para Gaza. Ativistas de vários países aguardam agora as providências do governo para seguir com a missão.

Durante a coletiva, eles afirmaram que não tiveram nenhuma outra intenção do que levar ajuda e esperança a Gaza e garantiram que todas as ações não são violentas e de que tudo está alinhado com o direito internacional.

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No sábado, uma delegação de voluntários tentou chegar ao navio Conscience para prestar apoio à tripulação e aos voluntários a bordo, sem sucesso. Os barcos foram interceptados pelas Forças Armadas de Malta (AFM) que forçou a delegação a retornar e passar pela imigração e alfândega sob ameaça de prisão.

Navio Conscience bombardeado por drones na última sexta-feira.
Flotilha da Liberdade

Neste domingo, o governo recuou. “Finalmente acordamos com boas notícias. O governo de Malta garantiu que sua intenção com o Conscience é prestar assistência e trazê-lo para Malta, para pagar os reparos do barco. Esse é um gesto muito importante, afirmou Thiago Ávila, um dos organizadores da Flotilha da Liberdade.

Ele contou que eles agradeceram a oferta da reparação, mas que pedem garantias de que o navio Conscience “não seja interrompido quando quiser sair para a missão humanitária de levar ajuda à Gaza”, que está há “60 dias sem uma única garrafa de água e sem um único saco de farinha”.

“Estamos dispostos a ir para o Conscience apesar de termos sido parados duas vezes nos últimos dois dias”, destacou.

Ávila afirmou que “pessoas em todo o mundo estão partilhando as mensagens da Flotilha. “Isso é muito importante porque vemos uma geração de pessoas descobrindo as violações sofridas pelo povo palestino durante 78 anos”, destacou.

Em entrevista exclusiva ao Opera Mundi neste sábado, ele contou sobre a situação em Malta e afirmou que “por milagre, ninguém morreu”.

‘Defendam o que é correto’

A ativista Greta Thunberg é uma das 80 pessoas, de vários países do mundo, que se encontram em Malta. Ela participou coletiva neste domingo.

“Minha mensagem e encorajamento se dirige, principalmente, a todos os jovens que têm se mobilizado. Temos visto mobilizações em todo o mundo, onde os jovens, de muitas formas, estão mostrando o caminho”, apontou.

“Defendam o que é correto. O que estamos fazendo aqui é tentar o nosso melhor para utilizar todos os meios possíveis para fazer a nossa parte e quebrar o cerco desumano e ilegal a Gaza, abrindo um corredor humanitário”, afirmou.

“Quando deixamos de tentar, nós perdemos a nossa humanidade. Se ainda tivermos o mínimo de humanidade, o que é escasso hoje em dia, não há escolhas sobre o que fazer”, ressaltou.

“Todos têm que se levantar, sair da sua zona de conforto para protestar. Faça chamadas, mande e-mails, organize as pessoas, virtual ou presencialmente. Envolva as comunidades locais e se junte à luta global pela Palestina livre”, convocou Thunberg.

Ela também agradeceu a solidariedade e destacou a resistência do povo palestino.

“Estamos de muitas maneiras chamando os olhos para Malta, conscientes de que não devemos afastar o foco de Gaza e do imenso sofrimento, mas acima de tudo, da imensa bravura e resistência que os palestinos estão demonstrando neste momento”, concluiu.

Comunicado

Neste domingo, a Coalização Flotilha da Liberdade publicou em seu site um comunicado sobre a situação em Malta.  Confira a íntegra do texto:

A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) deseja informar ao público que recebemos uma atualização muito bem-vinda do governo de Malta, com a intenção declarada de fornecer apoio logístico e possíveis reparos ao nosso navio, o “Conscience”. Gostaríamos de reiterar nossa intenção de sermos autorizados a entrar em Malta, com a garantia de que nossa ação pacífica para navegar até Gaza não será prejudicada de forma alguma.
 

Quando o “Conscience” foi inicialmente abordado pela guarda costeira, eles supostamente não se identificaram e levaram pouco menos de uma hora para ajudar a apagar o incêndio a bordo. A tripulação sinalizou por socorro, mas seu sinal de rádio foi adulterado, gerando ainda mais dúvidas. As Forças Armadas de Malta também os incentivaram a abandonar o navio, o que significa que, legalmente, o “Conscience” não tinha garantias de que nosso navio permaneceria seguro, o que impediu acordos.

A FFC gostaria de esclarecer nosso compromisso com as autoridades relevantes para agilizar a atracação temporária do nosso navio para reparos e vistoriadores, para que possamos continuar a missão humanitária urgente em Gaza.

O porta-voz da FFC, Thiago Avila, em nome de mais de 20 nacionalidades de médicos voluntários, educadores, engenheiros, agricultores, estudantes, ativistas, assistentes sociais e organizadores comunitários atualmente em Malta, declara:

As notícias de hoje são um acontecimento muito positivo. Aguardamos com expectativa o diálogo e a coordenação com as autoridades maltesas para podermos redirecionar a atenção da mídia e do público para onde ela precisa estar: para o genocídio calculado de Israel, a fome deliberada e a destruição em larga escala em Gaza.

O organizador e porta-voz do FFC, Yasemin Acar, afirma:

  1. Nossa missão é mobilizar a solidariedade global diante do genocídio em Gaza. Há mais de 60 dias, nenhuma ajuda humanitária chega por terra; esta crise exige ação internacional urgente. Na ausência de vontade política, continuamos comprometidos em agir como cidadãos globais. Embora sejamos gratos por todo o apoio, cada dia sem uma investigação atrasa a ajuda e nega a justiça. Temos o direito de saber quem nos atacou e colocou em risco a vida dos trabalhadores humanitários.