TPI lamenta sanções dos EUA, mas promete ‘cumprir’ trabalho em prol de vítimas
Governo Trump impôs medidas contra procurador da corte, Karim Khan, que emitiu mandado de prisão a Netanyahu por crimes de guerra na Faixa de Gaza
O Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia criticou, nesta terça-feira (11/02), as sanções do governo dos Estados Unidos, sob a Presidência de Donald Trump, contra o procurador da corte, Karim Khan, e cobrou uma defesa por parte das nações do mundo.
“O TPI deplora a imposição de sanções do governo [norte-]americano contra o procurador Karim Khan. A corte promete continuar a cumprir seu mandato judicial, no interesse de milhões de vítimas inocentes de atrocidades”, diz uma mensagem no perfil do tribunal nas redes sociais.
O comunicado ainda apela aos seus “125 Estados-membros, à sociedade civil e às nações do mundo que se unam em prol da justiça internacional”.
The #ICC deplores the designation for sanctions by the US administration of ICC Prosecutor Karim A.A. Khan. The Court pledges to continue carrying out its judicial mandate in the interest of millions of innocent victims of atrocities.
— Int’l Criminal Court (@IntlCrimCourt) February 11, 2025
O posicionamento da corte ocorre após o presidente dos EUA impor sanções ao TPI por conta das investigações sobre crimes de guerra e contra a humanidade cometidos por Israel na Faixa de Gaza, que motivaram um mandado de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a pedido de Khan.
As medidas impostas pelo republicano incluem o congelamento de ativos de funcionários do tribunal nos EUA e a proibição de entrar no território do país.

Posicionamento do TPI ocorre após Trump impor sanções ao tribunal por conta das investigações sobre crimes de guerra em Gaza
“Gaza não é moeda de troca”
Trump já havia anteriormente feito declarações a favor de Israel, em detrimento dos palestinos, afirmado que os EUA “assumirão o controle” da Faixa de Gaza e serão responsáveis pelos trabalhos de reconstrução na região, desejando transformá-la em uma “Riviera do Oriente Médio”.
O chefe da Casa Branca também chamou a Faixa de Gaza de “local de demolição” e disse que seus habitantes deveriam ir para outros países, sugerindo a Jordânia ou o Egito em particular. Ele também não descartou que os EUA pudessem enviar seu Exército para Gaza, e prometeu visitar a área pessoalmente.
Sobre tais afirmações, que foram rejeitadas inclusive pelos governos da Jordânia e do Egito, um dos principais jornais da China, o China Daily, escreveu um editorial afirmando que o plano de Trump para o enclave palestino “só trará mais guerra e sofrimento à região”.
“O plano de Trump para o pós-guerra em Gaza, como disse Netanyahu, pode realmente ‘abrir muitas oportunidades’ para Israel. Mas as oportunidades incluem mais guerra e sofrimento para a região, incluindo Israel”, aponta o autor do artigo, Li Yang.
O jornal enfatiza que Gaza pertence ao povo palestino, não aos EUA, e é “parte integrante do território da Palestina, e não uma moeda de troca nos jogos políticos entre Tel Aviv e Washington”.
“A comunidade internacional, incluindo os EUA, deve unir os esforços para tornar Gaza melhor, não pior. Gaza precisa de assistência humanitária e de reconstrução”, acrescenta a publicação.
Pequim tem repetidamente enfatizado que o plano de “dois povos, dois Estados” é a principal solução para o conflito.
*Com Ansa e Sputnik
