Trump cancela financiamento à Universidade de Columbia em represália aos protestos pró-Palestina
Faculdade em Nova Iorque foi epicentro de acampamentos em solidariedade à Gaza; governo republicano chamou estudantes mobilizados de ‘manifestantes radicais’
O governo dos Estados Unidos, sob a Presidência de Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (07/03) o cancelamento de U$ 400 milhões (cerca de R$2 bilhões) em financiamento para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, devido à “inação” da faculdade diante de supostos casos de antissemitismo.
Em 2024, o campus da Columbia foi epicentro nos acampamentos pró-Palestina em universidades norte-americanas. O movimento estudantil eclodiu em 18 de Abril, quando estudantes que rejeitavam a agressão israelense em Gaza iniciaram uma manifestação, exigindo que a administração da faculdade terminasse a cooperação acadêmica com universidades israelenses e retirasse os seus investimentos de empresas que apoiam a ocupação.
Contudo, o Departamento de Justiça (DOJ), o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), o Departamento de Educação (ED) e a Administração de Serviços Gerais dos EUA (GSA) classificaram a mobilização estudantil como “assédio persistente contra os estudantes judeus”.
“Esses cancelamentos representam a primeira rodada de ação e cancelamentos adicionais devem ocorrer” contra os mais de U$5 bilhões que a Columbia detém em bolsas federais, ameaçou o governo Trump sobre a ação que chamou de “Força-Tarefa Conjunta para Combater o Antissemitismo”.
O governo dos EUA justificou sua medida ao afirmar que “os estudantes judeus da Columbia têm enfrentado violência implacável, intimidação e assédio antissemita” desde 7 de outubro de 2023, início da guerra de Israel contra o grupo palestino Hamas.
“Por muito tempo, a Columbia abandonou essa obrigação para com os estudantes judeus que estudam em seu campus. Hoje, demonstramos à Columbia e a outras universidades que não toleraremos mais sua terrível inação”, afirmou a administração Trump por meio de um comunicado.
O documento informou também que a Columbia já havia sido avisada, na última segunda-feira (03/03), da revisão dos contratos e subsídios federais da universidade. “O caos e o assédio antissemita continuaram no campus e nas proximidades nos dias seguintes. A Columbia não respondeu à Força-Tarefa”.

Em 2024, o campus da Columbia foi epicentro nos acampamentos pró-Palestina em universidades norte-americanas.
A administração ainda lembrou que o presidente Trump “deixou claro que qualquer faculdade ou universidade que permita protestos ilegais e falhe repetidamente em proteger os alunos do assédio antissemita no campus estará sujeita à perda de financiamento federal”.
Segundo Leo Terrell, chefe da Força-Tarefa do DOJ para Combater o Antissemitismo, “congelar os fundos é uma das ferramentas usadas” para responder ao que chamou de “pico de antissemitismo”. “Isso é só o começo”, ameaçou.
Josh Gruenbaum, comissário da FAS e membro da Força-Tarefa, falou sobre os protestos pró-Palestina no campus da Columbia, afirmando que a faculdade teve uma “contínua e vergonhosa inação para impedir que manifestantes radicais tomassem conta de prédios no campus”.
Apesar do que o governo dos EUA chama de inação, a Universidade de Columbia reprimiu o acampamento pró-Palestina com violência policial, prisão de estudantes e ameaça de intervenção das Forças Armadas norte-americanas.
Em resistência pela solidariedade palestina, apesar do fim do acampamento, na última terça-feira (04/03), estudantes da Columbia protestaram contra a presença do ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett (2021-2022), convidado para realizar uma palestra pela faculdade.
A concentração da manifestação ocorreu nos portões da faculdade às 18h30 do horário local (20h30 em Brasília), mesmo horário em que a universidade começaria a receber os convidados para a palestra do ex-mandatário. “Vamos dizer à Columbia que criminosos de guerra nunca serão bem-vindos em nosso campus!”, declararam os estudantes.
Após o ato, o SJP registrou Bennett sendo escoltado do Instituto de Política Global e Relações Públicas da faculdade, onde a palestra foi realizada. Após o evento, Bennet pronunciou-se sobre a manifestação.
“Ativistas anti-Israel do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) na Universidade de Columbia manifestaram-se contra mim para tentar impedir-me de falar com estudantes. Eles falharam”, escreveu em seu perfil no X.
